E por agora termina aqui. Não vai é durar muito tempo:
everything is about to change.
Este capítulo concluía a mais rentável trilogia da história
do cinema. E, tal como mais tarde viria a ser comprovado com as prequelas,
George Lucas já não estava a fazê-lo com o coração. Este foi o primeiro sinal
de que algo estava errado: e porque faz parte da trilogia original, os fãs
fecham os olhos. Well, not me.
Enquanto o Império constrói uma nova Death Star, Luke (Mark
Hamill), Leia (Carrie Fisher) e companhia tentam resgatar Han (Harrison Ford)
das garras do malvado Jabba the Hutt.
Return of the Jedi continua a ser muito divertido. Os
aspectos mais positivos dos últimos dois capítulos continuam a existir: a
multiplicidade de planetas e raças, o ecrã sempre repleto de novas surpresas e
a banda sonora monumental. Mas depois há o outro lado.
De um ponto de vista técnico, este é o “episódio” mais fraco
da trilogia original.
A cinematografia é, sem dúvida, a pior. Longe estão os quadros
em movimento de A New Hope ou a paleta de cores e imersão que besuntam o ecrã
em The Empire Strikes Back. As escolhas feitas por Alec Mills poucas vezes
favorecem a narrativa e raramente criam imagens icónicas. Talvez seja também
devido à fraca fotografia que o green screen é muuuuuuuito mais perceptível do que nos capítulos anteriores: e
isso quebra a ilusão. E sem ilusão não há magia. Sem magia não há Star Wars.
Os dois exemplos mais exasperantes são quando Han, Luke e
Chewbacca (Peter Mayhew) estão a ser transportados para o Sarlacc e na
perseguição de motos em Endor. Aliás, a perseguição é a percursora da corrida
de Pod Race em The Phantom Menace. Padecem dos mesmos males (não têm desenvolvimento
de personagem, demoram demasiado tempo) e acontecem a pessoas da mesma família.
E por falar nisso, serei o único que acha a cena do Luke e
da Leia forçada? Entendo que era preciso algo que puxasse Luke para o Mal, mas
a nova informação nunca é explorada a 100%. Leia permanece inalterada pela revelação
e nenhuma tensão é acumulada: excepto aquela demonstrada por Han.
Aqui entra outra das minhas queixas em relação ao filme:
Harrison Ford era, por volta de 1983, uma mega estrela de Hollywood. Para além
de Star Wars, ele tinha agora protagonizado Raiders of the Lost Ark (o primeiro
da saga Indiana Jones) e Blade Runner. Ou seja, chega a Return of the Jedi sem
pressão absolutamente nenhuma: e isto nota-se. As suas expressões, ao longo dos
131 minutos da película, chegam a roçar o nível de cartoon. E, infelizmente, não
é o único cartoon presente no filme.
Muita gente aponta os Ewoks como sendo o primeiro indício de
que o Lucas tinha oficialmente trocado a lógica pelos cifrões: e eu não podia
concordar mais. Ainda assim, tendo em conta o seu objectivo, os Ewoks foram
tratados com o mínimo de habilidade. Comparemo-los com os seus primos mais
próximos: os Gungans.
Se é para criar uma raça que apele ao público feminino e aos
mais jovens, acho que ursinhos pequeninos são preferíveis a peixes/coelhos
gigante com voz estúpida. Mais, antes de intervirem na batalha, passamos algum
tempo com os Ewoks. Conhecemos um pouco da sua cultura, vemo-los a reagir à
história contada por C3-PO como se fossem crianças. A pouco e pouco ficamos
investidos nos pequenotes e tememos por eles aquando da luta. Aqui funcionou: em
The Phantom Menace não!
Agora, claro que não faz sentido nenhum os peluches vencerem
os soldados imperiais! Paus e pedras a darem conta de soldados armados? Ainda
por cima de dia? É (mais) um dos momentos em que temos de suster a respiração e
lembrarmo-nos de que isto é Star Wars e é suposto divertirmo-nos.
Em criança talvez funcionasse melhor, mas com um olhar mais crítico
e conhecedor é impossível não ficar de sobrancelha levantada com determinadas
posturas tomadas pelos cineastas. O diálogo de exposição então é tão descarado
que dói (nomeadamente com Obi-Wan, que aparece só para dar informaçõezinhas “relevantes”).
Não que todo o diálogo seja mau, holy shit, claro que não!
As cenas de Luke com Vader e o Imperador (terrifico Ian McDiarmid)
são um jogo de retórica, esperança, contraste, conflito e desenvolvimento de
personagem do mais alto calibre. Por esta altura percebemos que nenhuma destas
personagens é linear e que são muito mais complexas que as dos blockbusters
actuais. Excepto o Chewbacca: esse não conta. Todo filme deste género tem que
ter o seu Groot. Ou Hodor.
E lamento fãs da Yub Nub Song que cresceram com os originais:
mas a versão mais recente termina com a melhor alteração de todas. A música
Victory Celebration é das melhores criações da carreira de John Williams e está,
possivelmente, no meu Top 5 de melhores músicas originais para filmes. Mantém o
espirito tribal dos ursinhos, mas carrega uma emoção muito maior, mais propícia
ao final da trilogia.
Se concordo com a inclusão de Hayden Christensen?
Sinceramente, não me importo. Eu percebo o porquê, mas fazia mais sentido o original.
Creio que as novas gerações que tiverem de percorrer o tortuoso caminho das
prequelas irão apreciar o tie-in, mas não era necessário.
Encontro muitos paralelismos entre Return of the Jedi e
Revenge of the Sith: ambos têm momentos cinematográficos excelentes, ambos contêm
um conflito bem vs mal mais acutilante do que nos capítulos anteriores da trilogia
que findam e, principalmente, ambos retêm o espirito do episódio que lhes
precedeu.
Se isso é bom ou mau decidam vocês: eu estou só para aqui
a matar tempo enquanto não chega dia 17. Estou ansioso para ver os meus amigos outra vez.
Simon Says
that this movie is…
Sem comentários:
Enviar um comentário