Eu tenho uma conhecida (e é uma pena ela não passar disso…)
que tem uma teoria.
Essa teoria explica o porquê de os gajos verem gajas apenas
enquanto prémios.
Esta teoria explica o porquê de as gajas verem gajos apenas
enquanto objectos de hábito.
Essa teoria conclui que apenas o teu primeiro amor (aquele
que te fez derramar lágrimas, tomar a pílula e que ainda hoje usas como
comparação com os restantes) foi o único que experimentarás na vida inteira.
Ela disse-me mais umas tretas sobre a pílula desregular as
hormonas e, consequentemente, os instintos primitivos do ser humano que te
levam a escolher o parceiro que mais se adequa às tuas características
naturais.
Aquele com o qual estás destinada a passar o resto da vida.
Uma vez desreguladas as hormonas, elas levam-te a repudiar
as características que naturalmente te atrairiam mais e a escolher as que são
de menor compatibilidade.
Curioso, não é?
Eu não investiguei, eu não sei o quão credível esta
miraculosa epifania poderá ser: mas avaliando o que vejo, oiço e sinto a
acontecer à minha volta, esta pode ser a explicação pela qual o mundo está
repleto de putos e putas.
Homens são simples no que toca a relações: já toda a gente
está farta de o saber.
Ela tem que ser engraçada, interessante, confiante, sexy e
irrefutavelmente apaixonada por ele.
Essas são as simples condições deste pacto sagrado. Por
muito que se tentem armar em machões frios e sem sentimentos, todos sonham
desde putos em encontrar essa pessoa.
Aquela pessoa que vão amar, abraçar e proteger de todo o mal
que existe no mundo.
A tua rapariga é assim? Luta por ela e nunca a deixes: não
tens nada de maior valor na vida.
No entanto sei que a maior parte dos rapazes, quando cresce,
não quer saber de sentimentalidades. Usam e abusam de quem se lhes entrega,
criando criaturas de gelo…
É como se vampiros plantassem alho: estão a cavar a sua
própria sepultura.
As mulheres são um tópico mais delicado.
Para a maior
parte dos homens, elas são a “escadaria para o céu” e o próprio céu.
Incontáveis gerações dedicaram as suas vidas ao estudo deste ser… Incontáveis
guerras e milhões de vidas foram perdidas em prol do misterioso poder que lhes
está inerente.
E no entanto elas são exactamente o contrário do que se
pretende.
Têm várias caras e «nunca» se deixam influenciar. São frias,
calculistas e desinteressadas. São tudo e fazem-te sentir nada.
A não ser que sejas o músico certo a tocar a música certa.
A não ser que rejeites qualquer pretensão de a tratar bem.
Porque aparentemente, hoje em dia, só obténs a sua TÃO vital
atenção a partir do momento em que te demonstras desinteressado e estupidamente
ignorante em relação a tudo o que lhe diga respeito.
Agora digam-me onde é que isto faz sentido? Todas as pessoas
querem ser felizes e amadas! No entanto a futilidade desta era leva-nos a
rejeitar todo e qualquer potencial sentimento.
Se amas ou queres amar, és rejeitado. Se não amas e te estás
a cagar és recompensado com um corpo, uma alma e tudo o que nunca pediste. E
isto funciona para ambos os sexos.
E porquê?
Será um mecanismo de defesa/filtro contra “predadores e
perdedores”? Os predadores são os primeiros a conseguirem dar a volta a isso e
os “perdedores” nem sequer tentam, por muito bem-intencionados ou estimulantes
que sejam.
Será um processo de escolha natural? “Quem aguentar o meu
desprezo merece conhecer-me!” Não percebem que estão a rejeitar a possibilidade
de ser felizes? Ou simplesmente de conhecer alguém interessante?
F*da-se: estamos numa era em que a comunicação é valorizada
acima de tudo, e no entanto, qualquer toque, qualquer palavra, qualquer olhar é
imediatamente subentendido como sexual. Obviamente que ambos os sexos a
pensarem desta forma torna-o verdade!
Acordem. Toda a gente quer ser feliz.
“Oh, se eu fosse dar atenção a toda a gente que quer falar
comigo e não fazia mais nada da vida!”
“Devo-lhe alguma coisa para lhe estar a responder?”
A vida é vossa.
Eu não sou santo nenhum, não estou a tentar pregar uma
verdade absoluta e incontestável, a qual sigo à risca. No entanto, existem várias
situações que eu vejo e experimento que não posso deixar impunes.
Podes borrifar-te em tudo o que estou a escrever: mas talvez
daqui a uns anos (e sinceramente espero que não), quando te olhares ao espelho
e as rugas começarem a surgir, o corpo começar a murchar e a relação em que
estás te deixar na merda porque ele/a não é a pessoa certa… Talvez te lembres
do que te estou a tentar dizer agora.
Sim, porque o ser humano só se preocupa e ama REALMENTE
aquilo que tem e quer quando o perde ou está prestes a perder.
O mundo é cheio de possibilidades: porquê escolher o
desprezo quando podemos dar felicidade?
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