Oi. Devido à quantidade
exorbitante de filmes fixes que vi em 2014, decidi não destacar menções
honrosas e focar-me nos vinti melhores.
Alguns que dava como
certos nesta lista demonstraram-se uma decepção enorme *cofHobbitcof*. Por não
conseguir arranjar lugar para outros cortei os pulsos ontem à noite. Com a
minha almofada. Doeu.
Entretanto, só para que
fiquemos esclarecidas, 2 apartes:
- para a minha lista dos
10 melhores filmes que saíram em 2014 terás de consultar este link do Espalha Factos;
- esta lista é feita com
base no feeling “gostei mais de ver este do que este”. Tão simples quanto isso,
por isso a habitual argumentação de “Ah e tal…” não funciona. Acho eu.
E sem mais demoras, aqui
fica O TOP DE FILMES C’U BURACO VIU EM 2014!
#20
The Apartment – 1960 – Billy Wilder
Com uma inteligência que já não existe nas
comédias contemporâneas, esta é uma obra intemporal que me fez rir alarvemente.
Jack Lemmon é o protagonista de um conto de fadas passado na década de 60: há o
príncipe, a princesa, o vilão e o “castelo” onde estranhos acontecimentos têm
lugar. E, tirando o imóvel, os arquétipos podem não ser bem o que estás à
espera.
The Hustler – 1961 – Robert Rossen
Numa das melhores performances que já vi na vida,
Paul Newman dá vida a “Fast” Eddie Felson, um fantástico jogador de pool que sonha
em derrotar o campeão Minnesota Fats. O argumento, baseado no livro de Walter
Tevis, é um enorme estudo da personagem principal, levando-o numa jornada
imprevisível, onde é posto à prova por inúmeras adversidades. Com um
protagonista tão forte e soberbamente estabelecido, não admira que Martin
Scorcese tenha realizado uma sequela (The Color of Money) 25 anos depois.
#18
Gravity – 2013 – Alfonso Cuarón
Considerado um dos filmes mais sobrevalorizados da
década por muitos críticos, este é, contudo, uma das experiências mais
arrebatadoras de que tenho memória. Cuarón não estava a tentar criar uma
história nova e complexa, mas sim transmitir alguns dos mais puros sentimentos
inerentes a qualquer ser humano. Executado com uma mestria inolvidável,
interpretado magicamente por Sandra Bullock e dispondo de uma banda sonora
fortíssima, esta será sempre uma das mais apetecíveis montanhas russas que
podes ter em casa. A crítica a este filme pode ser lida aqui.
#17
X-Men: Days of Future
Past – 2014 – Bryan Singer
O filme para o qual tinha mais expectativas em
2014 não desapontou. Com um elenco orgásmico (onde constam nomes como Michael
Fassbender, Hugh Jackman, Peter Dinklage, Jennifer Lawrence, Ian McKellen,
Patrick Stewart… Tenho mesmo de continuar?!) e uma realização focadíssima, este
é um dos melhores filmes de super-heróis alguma vez feito. As doses certas de
humor, as doses certas de drama e acção, para além de uma certa cena em
slow-motion que ficará para a História, justificam plenamente um lugar nesta
lista. A crítica a este filme pode ser lida aqui.
#16
La Piel que Habito – 2011 – Pedro
Almodóvar
Não sou muito proficiente na obra do realizador
espanhol: no entanto, é impossível negar a mestria com que confecciona este
filme. A história, embora surrealista, tem uma carga emocional e crítica de uma
intensidade estratosférica. As imagens são delicadas, contrastando com a
brutalidade que testemunhamos. As interpretações são deliciosamente ambíguas.
Se nunca experimentas-te um filme de Almodóvar, este talvez seja um bom começo.
#15
Sex, Lies and
Videotapes – 1989 – Steven Soderbergh
A primeira longa-metragem deste soberbo realizador
é a prova de que com pouco é possível fazer muito. Provocador, inteligente e
sem medo de orquestrar uma fantasia intimidadora para qualquer relação,
Soderbergh apoia-se nas interpretações sensuais das suas protagonistas, no
multifacetado James Spader e num argumento genial. Se achas que a tua cara-metade
é “meh…”, vê este filme: pode ajudar a repensar cenas.
#14
Under the Skin – 2013 – Jonathan
Glazer
Sem medo de errar, sem medo de destruir e
assustar, Under the Skin é uma das mais profundas experiências do ano. Embora
os media tenham publicitado o filme
como “A Scarlett Johansson aparece nua neste!”, quem sabe de cinema viu-o por
razões diferentes. Viu-o para ter uma experiência que os faça reflectir sobre
mais do que simplesmente mamas e rabos. Uma história intrigante, uma banda
sonora assustadora e uma interpretação magnífica fazem deste, um dos melhores
do ano. A crítica a este filme pode ser lida aqui.
#13
Matchpoint – 2005 – Woody Allen
Scarlett faz um double kill nesta lista. Woody
Allen é conhecido pelos seus romances divertidos, diálogos inteligentes e
filosofia conjugal impiedosa. No entanto, embora Matchpoint tenha essas
características, o enredo aventura-se para lá dessas fronteiras. Enquanto
sucessor espiritual de Crimes and Misdemeanors esta é uma fábula negra, levando
as suas personagens de um extremo ao outro da paixão e da ganância. Uma
verdadeira obra-prima do mestre norte-americano.
#12
Interstellar – 2014 – Christopher
Nolan
Épico. Messiânico. Inovador. Emocional. Todas
estas são características de um dos filmes mais polarizadores do ano.
Independentemente das suas falhas, Interstellar é uma experiência. Não pode ser
definida em apenas meia dúzia de linhas: tem que ser vivida. Há várias coisas
que te podem levar a vê-lo: a interpretação de McConaughey, os efeitos
especiais, a ficção científica… Mas seja qual for o motivo pelo qual o vejas,
podes ter a certeza: no final vais achar que essa era só a ponta do iceberg. A
crítica a este filme pode ser lida aqui.
#11
A.I. Artificial Intelligence – 2001
– Steven Spielberg
As impressões digitais do meu realizador favorito,
Stanley Kubrick, estão por todo lado nesta magnifica odisseia. A história de um
menino-robô que ama de verdade é ternurenta, repleta de suspense, acção e uma
conclusão que derreterá muitos corações. Embora a premissa soe a um Pinóquio do
séc. XXI, é muito mais do que isso: é um estudo sobre a própria Humanidade, uma
visão futurista da nossa sociedade e, sobretudo, um conto de fadas em que nada
é impossível. Basta acreditares com todo o teu coração.
#10
Ghost in the Shell – 1995 – Mamoru
Oshii
Acção hardcore e filosofia enzebrada. Faz-te
lembrar alguma coisa? Ghost in the Shell é o anime que inspirou The Matrix: e o
que o filme dos irmãos Wachowskis tinha de bom, este tem de melhor. Sem as
barreiras do “mundo físico” para o limitar, Mamoru Oshii oferece uma
experiência repleta de voltas e reviravoltas no enredo, lutas imaginativas mas
centradas na realidade que cria e uma premissa que promete abrir uma nova
janela na tua mente. Acredita: se há um filme nesta lista que pode alterar a
tua maneira de ver o futuro, é este.
#9
Crimes and
Misdemeanors – 1989 – Woody Allen
Allen não tem pudor na escrita. Crimes and
Misdemeanors conta várias histórias que (surpreendemente) não se interligam,
mas preenchem lacunas umas nas outras. Relações entre vários tipos de pessoa e
o que as (con/de)strói estão sobre um escrutínio impiedoso: e, como é costume
de Woody, podes acabar por te ver reflectido na obra. Uma crítica a Deus, uma crítica
ao Homem e uma crítica ao próprio público.
#8
Blue Valentine – 2010 – Derek
Cianfrance
Cianfrance é um dos melhores realizadores no
activo e este foi o seu primeiro sucesso. Usando a camara para imprimir
realidade às acções dos seus actores, deixa-os fluir com uma naturalidade
tocante. Não estás a ver personagens, mas sim pessoas que se apaixonam,
discutem e reconciliam. A fotografia é deslumbrante, as interpretações de Ryan
Gosling e Michelle Williams são perturbadoramente comoventes e a banda sonora…
Oh, a banda sonora. Este é o melhor drama lamechas que podias encontrar.
#7
Filth – 2013 – Jon S. Baird
Quero aproveitar e mandar as distribuidoras pastar
por não fazerem este filme passar nos cinemas portugueses… James McAvoy é um
polícia alucinado, drogado e esquizofrénico. Com esta premissa estás a imaginar
uma comédia negra ao estilo American Psycho, certo? Pois, é isso mesmo: só que
com uma base sentimental incrivelmente consistente e emotiva. Uma banda sonora
deslumbrante, uma performance espectacular, uma história fortíssima… O que
podias pedir mais? A crítica a este filme pode ser lida aqui.
#6
The Searchers – 1956 – John Ford
Duas lendas dão vida a este clássico: um atrás e
outro à frente da camara. John Wayne é um homem cheio de cicatrizes na alma que
tenta “encontrar” a expiação para os seus pecados. Esta é uma magnífica
exploração dos relacionamentos e psicoses humanas: o facto de haverem índios e
coboiadas é apenas um meio para atingir um fim. Com uma fotografia maravilhosa,
este é um filme poderoso em todos os sentidos da palavra. A crítica pode ser
lida aqui.
#5
Boyhood – 2014 – Richard Linklater
Ao longo de 12 anos este foi apenas um sonho. Ao
longo de 12 anos esse sonho foi sendo construído. Hoje é um dos melhores filmes
de todos os tempos. A história não tem nada de extraordinário: mas o facto de
acompanhar o crescimento (LITERAL) de um miúdo e seus pais à medida que
descobrem quem são é o que torna Boyhood, indiscutivelmente, num clássico.
Carregado de nostalgia, filosofia e magia, esta é a 7ª arte em estado puro.
#4
Her – 2013 – Spike Jonze
Doce… Tão doce. Uma obra-prima original que transborda
emoção por todos os frames. Spike Jonze, Joaquin Phoenix e Scarlett Johasson
(outra vez!!) são dos melhores profissionais a trabalhar em Hollywood: e no
entanto este não é um projecto concebido num seio profissional. Pelo menos não o
sinto como tal. Este é um filme que simples palavras não conseguem narrar. É
como descrever uma paixão: há certas palavras, certos elementos que te dão uma
ideia… Mas a experiência é a única maneira de a conheceres. E é doce… Tão doce.
A crítica a este filme pode ser lida aqui.
#3
The Wolf of Wall Street – 2013 –
Martin Scorcese
Eu chorei no cinema: de riso. Tenho a certeza de
que as minhas gargalhadas afugentaram várias pessoas da sala, mas eu não me
conseguia conter. Desde o primeiro minuto que este filme me conquistou e não
tinha dúvidas que iria ficar no pódio. O que é que posso dizer que ainda não
tenha sido dito? DiCaprio é electrizante, Jonah (é) Hill(ariante), Margot
Robbie é um knock-out instantâneo, Martin Scorcese volta FINALMENTE às raízes e
o resultado é um dos melhores filmes da década. Bruto, alucinado mas coerente. A
crítica a este filme pode ser lida aqui.
#2
The Red Shoes – 1948 – Michael
Powell & Emeric Pressburger
As cores. A luz. A história. A música. A edição. A
dança. As interpretações. Tudo é de uma mestria e arte impossíveis de mimicar.
Passados quase 70 anos desde a sua estreia, este continua a ser um clássico imperdível
que grita por reconhecimento. Scorcese, DePalma e Coppola consideram-no um dos
melhores filmes de todos os tempos: e não é difícil perceber o porquê. Tudo
funciona em prol da história e das personagens, nada é deixado ao acaso. Um bailado
hipnótico, duas paixões e uma mulher dividida. Toda a magia, todo drama e toda
uma perfeição que já não existe no cinema contemporâneo. A melhor cena deste
filme foi analisada aqui.
#1
La vie d’Adèle – 2013 – Abdellatif
Kechiche
Quando vi La vie d’Adèle pela primeira vez não
consegui perceber o porquê de tanto chinfrim. Sim, está bem realizado. Sim, as
interpretações são autênticas: mas isso nunca foi motivo para se canonizar um
filme… Só que ela ficou comigo. O seu sorriso, o seu cabelo, os seus olhos, os
seus sonhos, os seus medos: e sim, até o seu ranho e a sua baba. Quanto mais
tempo passava mais vívida a memória se tornava. E porquê? Simples: porque a Adèle
existe. Ela vive e respira, ela é uma pessoa real. Isto não é um filme, é uma
vida extraordinária a ser criada e explorada à nossa frente: “a vida de Adèle”.
A 7ª arte foi transcendida: ela é nossa e nós somos dela. Para sempre. A melhor
cena deste filme foi analisada aqui.
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