Oi. Este ano não vi tantos filmes como nos anos anteriores. NÃO OBSTANTE fui muito mais vezes ao cinema: isso reflecte-se nas 12 (!!) estreias de 2015 que estão no meu Top 20.
Foi um bom ano para a 7ª arte e foi um bom ano para o Buraco. Obrigado por aqui estares: nem imaginas o quanto significa para mim <3
Entretanto, só para que fiquemos esclarecidas, 3 apartes:
- para a minha lista dos 10 melhores filmes que saíram em 2015 terás de consultar
este link do Espalha Factos;
- como de costume, o meu top refere-se aos filmes que vi pela 1ª vez em 2015. Não quer necessariamente dizer que são só os que saíram este ano;
- vou ser 200% subjectivo, por isso não me matem!
As 5 menções honrosas são:
E aqui fica o Top de Filmes C'u Buraco viu em 2015!
#20
Ex Machina – 2015 – Alex Garland
Pela maneira esguia como a tensão e os actores são conduzidos, eu teria apostado que este é o produto de um realizador experiente. Nada disso: é sim a primeira longa-metragem do consumado guionista de 28 Days Later e da sua sequela 28 Weeks Later. Um sci-fi inteligente, que coloca as perguntas certas e nos deixa a debater com as respostas. Junta-se a isto as performances imaculadas de Domhnall Gleeson, Oscar Isaac e, principalmente, Alicia Vikander, e temos um dos melhores filmes do ano.
#19
Relatos Salvajes – 2015 – Damian Szifron
«Podia acontecer-te a ti.» Essa é a batata-quente que o realizador Damian Szifron te passa para as mãos, nesta comédia negra produzida por Pedro Almodóvar. Composta por 6 curtas histórias, todas elas relacionadas com o tema central de violência e vingança, Relatos Salvajes não tem medo de nos mostrar o lado mais obscuro da espécie humana de uma forma crua e perturbante. Se bem que acabas sempre por rir.
#18
Beasts of No Nation – 2015 – Cary Joji Fukunaga
O homem que realizou a 1ª temporada de True Detective voltou à carga com este relato poderoso de uma realidade que preferimos esquecer. Protagonizado pelo jovem estreante Abraham Attah (que faz um trabalho fenomenal) e elevado pelo carisma inesgotável de Idris Elba, esta é a primeira tentativa da Netflix atingir os prémios da Academia. E tendo em conta o resultado final, é praticamente garantida que vão ter sucesso na sua missão.
#17
Jodorowsky's Dune – 2013 – Frank Pavich
Um documentário fascinante sobre uma "lenda urbana" da 7ª arte. O título de "Melhor Filme Nunca Feito" é atirado com alguma regularidade para o colo de vários projectos Hollywoodescos: mas nenhum deles se pode comparar à visão que o chileno Alejandro Jodorowsky tinha para o livro de Frank Herbert. A conclusão que o realizador Frank Pavich nos permite chegar é inspiradora: por não se ter tornado no que o seu criador queria, o filme tornou-se (como o seu protagonista) em muito mais. E dessa forma viverá para sempre.
#16
Kaze Tachinu (The Wind Rises) – 2015 – Hayao Miyazaki
A última longa-metragem de um dos maiores deuses do cinema de animação. Como não ficar emocionado? Kaze Tachinu, para além da óbvia genialidade e espectacularidade na imagem e fotografia, condensa uma história incomum: pelo menos nos parâmetros estabelecidos por Miyazaki. Sem os seus habituais devaneios fantasiosos, o japonês consegue, ainda assim, deixar-nos uma última questão: tudo o que andas a fazer, toda a beleza que constrois, todos os sonhos que cultivas... Vale mesmo a pena?
#15
Predestination – 2015 – The Spierig Brothers
Todos os anos há um filme em que no final sinto que fui espezinhado. O ano passado foi Interstellar. Este ano é Predestination. Vai de mente aberta, não presumas, não te armes em detective: simplesmente deixa o enredo desenrolar-se. Ethan Hawke mantém a sua postura genuína e conduz uma orquestra de ficção cientifica meteórica. E depois há Sarah Snook. Hora e meia depois de lhe meteres os olhos em cima nunca mais a esquecerás. Se precisares do contacto de alguns psicólogos para tratares o trauma que se segue fala comigo.
#14
Eastern Promises – 2007 – David Cronenberg
Cronenberg é um realizador ambíguo. Tão depressa apresenta películas repletas de metáforas incompreensíveis, como estudos de personagem intrigantes e multifacetados. O argumento tem a assinatura de Steven Knight: realizador do êxito britânico, Locke. Viggo Mortensen é intrépido na sua criação, assim como o sempre brilhante Vincent Cassel. No entanto é a dureza da realidade, que Cronenberg tão elegantemente capta, que se torna na estrela de um filme extremamente completo.
#13
Inside Out – 2015 – Pete Docter e Ronnie Del Carmen
Um dos mais inteligentes filmes do ano entra também para o role de melhores filmes de animação de que há memória. A maneira genial como os argumentistas encontraram metáforas para diferentes parvoíces da condição humana é apenas a ponta do iceberg. Fazê-lo enquanto se estabelecem personagens, com um belo sentido de humor e de aventura à la Pixar é o coeficiente de uma das melhores parábolas psicológicas da história do cinema americano.
#12
Wo hu cang long (Crouching Tiger Hidden Dragon) – 2000 – Ang Lee
Um dos melhores filmes de acção da última década é também uma das experiências visuais mais apelativas que tive este ano. Conjugando uma simples premissa de resgate, emancipação e vingança com coreografias espantosas, uma banda sonora rejubilante e performances confiantes, este é um dos maiores triunfos da carreira do realizador Ang Lee. Muito para lá das palavras, são as imagens que deixam uma marca indelével na memória do espectador.
#11
Y tu mamá también – 2001 – Alfonso Cuarón
Adoro filmes que claramente têm orçamentos pequenos e fazem disso a sua força. Alicerçado no talento (e sensualidade) de Diego Luna, Gael García Bernal e de Maribel Verdú, num dos melhores guiões de que tenho memória e numa realização primorosa do agora galardoado Cuarón, Y tu mamá también oferece-nos uma das mais intrigantes reflexões sobre a juventude, a vida e a felicidade.
#10
Mr. Nobody – 2009 – Jaco Van Dormael
Prepara-te para o mind fuck. Com um elenco extremamente competente, uma direcção de arte espectacular e uma das mais intrigante premissas desta lista, este filme combina o melhor da arte reflexiva com o melhor do entretenimento. É um romance, mas um daqueles ao estilo "queimado" de Eternal Sunshine of the Spotless Mind. Só que ao contrário deste, não acho que devas passar o filme à procura de respostas. Simplesmente aprecia, deixa que a beleza das questões que coloca te consumam. Pode ser o suficiente para te deixar com um sorriso.
#9
A Girl Walks Home Alone At Night – 2015 – Ana Lily Amirpour
A longa-metragem de estreia de Amirpour confirma-a como "o novo Tarantino". A rebentar de estilo, badassness, ideias frescas e personagens cativantes, este auto-proclamado "primeiro western de vampiros iranianos" foi a maior surpresa que tive todo o ano. Com uma banda sonora esmagadora, algumas cenas inesquecíveis e uma boa dose de confiança no material criado (Vai à procura de entrevistas da realizadora. Valem MUUUUUUITO a pena!) pode-se claramente afirmar que o melhor ainda está para vir. Não acreditas? O seu próximo filme chama-se
The Bad Batch e é sobre uma história de amor entre canibais num Texas distópico. E tem o Jim Carrey.
#8
Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance) – 2015 – Alejandro González Iñárritu
Passado um ano ainda tenho que arranjar superlativos para esta besta da natureza? De um ponto de vista técnico é simplesmente milagroso. Será lembrado para sempre pela maneira ímpar como Iñarritu e Lubezki contornaram o "impossível". As personagens parecem ter sido criadas tendo em conta as tribulações pessoais dos actores que lhes dão vida. É um filme que lida com vários paradigmas da nossa sociedade, focando-se, principalmente, na criação artística. Genial em todos os sentidos da palavra.
A crítica a este filme pode ser lida
aqui.
#7
Whiplash – 2015 – Damien Chazelle
"Not my tempo." Muita gente se vai lembrar deste como sendo o filme que fez de J. K. Simmons o gritador de serviço de Hollywood. Para mim não. Para mim este foi o filme que me mostrou o VERDADEIRO Miles Teller. Não é o gozão do Project X mas sim um actor sério que respondeu ao desafio de Damien Chazelle com uma das performances mais subvalorizadas do ano passado. A história de confronto de vontades, a soberba edição e a música icónica fazem desta (por favor, não retire as próximas palavras de contexto) uma das mais excitantes experiências que já tive em frente a um ecrã. A crítica a este filme pode ser lida
aqui.
#6
Do The Right Thing – 1989 – Spike Lee
O Spike Lee é um gajo engraçado. Eu nunca sei se concordo naturalmente com o que ele diz ou se me manipulou tão bem que não tive outra escolha senão concordar. Independentemente das suas posições políticas (que são inseparáveis dos filmes que realiza), Lee consegue sempre surpreender-me. Embora não seja o meu filme favorito do americano (esse será Malcolm X), Do The Right Thing estabelece um universo paralelo ao nosso, repleto de personagens secundárias memoráveis, um enredo inesquecível e uma identidade visual que não te deixa desviar o olhar.
#5
Kynodontas (Dogtooth) – 2009 – Yorgos Lanthimos
Todos os anos há um filme em que no final sinto que fui violado. O ano passado foi Under the Skin. Este ano foi Kynodontas. Com um argumento espectacularmente original, com uma poesia imagética a lembrar Buñuel e uma Alegoria da Caverna levada ao extremo, este não é um filme de pipocas. Este não é um filme bonito e que te deixa com um sorriso nos lábios. Este é um filme que te agarra pelos colarinhos e exige a tua atenção enquanto te manda gafanhotos para a cara. Poderoso, arrebatador, mas que talvez nunca tenhas coragem para rever.
#4
Cobain: Montage of Heck – 2015 – Brett Morgen
Nirvana é a minha banda favorita. O Kurt Cobain morreu no mesmo dia em que eu nasci. Tenho 21 anos. Tudo isto são factores que me levam a identificar com o homem documentado. Tudo o que (não) querias saber sobre a lenda do rock está aqui. Todos os podres, todos os detalhezinhos que te podem ajudar a tecer uma teoria Freudiana, todas os rabiscos e gravações pessoais que eram parte do seu ser mais íntimo. Tudo ganhou vida. Tudo acompanhado de uma cinematografia brilhante e das mais puras composições musicais da nossa era. É emoção cristalizada.
#3
Mad Max: Fury Road – 2015 – George Miller
Aclamado com um dos melhores filmes de acção de todos os tempos, Mad Max: Fury Road é exactamente tudo aquilo que se diz: e mais. Quantas vezes um filme de acção se pode gabar de ter uma das melhores performances do ano? Quantas vezes é que viram um filme acabado de sair que é imediatamente aclamado como um "clássico"? Quantas vezes é que um realizador tem carta branca para fazer aquilo que quer e bem lhe apetece? Este filme foi uma oportunidade única de ver uma visão genial levada ao grande ecrã sem açaime. E que "lovely" é... A crítica a este filme pode ser lida
aqui.
#2
Star Wars: The Force Awakens – 2015 – J.J. Abrams
Tem falhas? Tem sim senhora. Subtrai daquela que foi a melhor experiência num cinema que tenho desde há muitos anos? Não. Estabelecendo personagens novas, reintroduzindo as antigas (que com mais 30 anos de experiências são basicamente novas), conduzindo a acção de maneira ímpar, dando música aos nossos sonhos e forma aos nossos pesadelos, The Force Awakens é o produto final de uma equipa apaixonada pelo que estava a fazer. E sabem que mais? Quem é apaixonado por cinema (não Star Wars, apenas cinema) não pode negar o espectáculo e magnificência do melhor filme de 2015.
#1
Fanny och Alexander – 1982 – Ingmar Bergman
Este ano fizeram uma promoção na Fnac. 2 Filmes de Bergman = 10€. Agarrei no Persona (até então o meu favorito do sueco) e fiquei a pensar em qual seria o seu par. Uma rápida viagem até ao site de Roger Ebert e acabei por me decidir por este. Durante meses ficou a ganhar pó na estante (ver um filme sueco de 3h requer coragem). Uma bela noite decido começar a vê-lo para adormecer. Basta dizer que não adormeci. Uma experiência cinematográfica assombrosa, com tudo o que um filme devia ter. Comédia, horror, dezenas de personagens secundárias INESQUECÍVEIS, fotografia icónica, design de produção (desde interiores, a exteriores, a roupas, a mobília) e momentos absolutamente mágicos que personificam o próprio espírito da 7ª arte.