segunda-feira, 16 de junho de 2014

Game of Thrones 4ª Temporada - Critica - Episódio 10 «The Children»

Para além de um Buraco, embaixo terás spoilers.

Quem diria…

Quem diria que no último episódio desta temporada as duas narrativas que menos me interessavam se uniriam para conquistar um lugar no pódio?

Quem diria que depois de um final de temporada tão glorioso, a rainha teria de se submeter ao poder da sua própria consciência?

Quem diria que aquela rapariguinha insolente se tornou naquilo que os seus irmãos deveriam ter sido?

Quem diria até que o Yellow King de «True Detective» morava afinal a Norte da Muralha?

E quem diria… Quem diria que o homem mais poderoso do continente morreria a cagar?



Dediquei demasiado do meu tempo a escrever sobre o Snow na semana passada, por isso vou-me abster de comentários. A chegada de Stannis e do seu exército de mercenários foi uma surpresa agradável. 

Num momento reminiscente de «O Regresso do Rei», a cavalaria avacalhou brutalmente em segundos o triplo dos homens que morreram no episódio passado.

É estúpido, mas necessário para estabelecer o poder que «rei» detém. A minha questão em relação a isto é simples: porque não atacar directamente King’s Landing? Está-se a armar em Khaleesi e quer libertar toda a gente?! É que se for para isso retiro já o meu apoio!

E quanto ao que se pode esperar da aliança entre o bastardo dos Stark e o herdeiro dos Baratheon? Não sei: mas pode-se esperar que a gaja vermelha salte para cima do mastro do Snow à primeira oportunidade. Nunca me enganaste!

Admito que fiquei com água na boca e quero mais… Onde quer que haja um exército, com vontade de destruir tudo à sua passagem é um bom sitio para concentrar as atenções.



E costumava dizer o mesmo em relação a dragões: mas isso foi antes.

Se Dany a temporada passada fez as melhores decisões de sempre e se viu reconhecida enquanto «mãe» de um povo, esta temporada foi exactamente o oposto. Foi fria apenas quando o contrário a beneficiava (não perdoar a Jorah); foi sentimental, apenas quando lhe era exigido algo do «exterior» (soltar os crucificados).

E hoje descobrimos que tem tudo sido em vão. Existirá sempre um novo problema para resolver, uma nova situação que só a rainha tem o poder para restaurar: e no final de contas, quem perde é ela própria e mais ninguém.

A este ritmo aposto que f*der o Nahaaris lhe deu sífilis ou algo do género.

Género esqueletos e bolas de fogo…

Não devo ter sido o único que achou estranha a secção do episódio dedicada apenas a Brandon Stark… Não é que não tenha gostado: aliás, fantasia e todos os seus envolventes sempre foram uma das minhas perdições. Mas esta transição de um ambiente familiar e de maquinações politicas para uma arena em que putos feiticeiros combatem esqueletos armados foi demasiado brusca. Está bem que temos tido dragões já há algum tempo e que ainda a semana passada gigantes e mamutes destruíram o portão da Muralha…

Só que os dragões até já fazem parte da família: surgiram numa situação mística e tivemos tempo para nos habituarmos a ideia da sua existência. Os gigantes e mamutes surgiram num episódio à parte, singularmente isolados: não foi difícil entranhá-los. A cena deste último episódio surgiu no meio de um enorme imbróglio entre várias famílias, daí parecer tão deslocada.

O puto da Nanny McPhee morreu: mas alguém se importa realmente? O Brandon chegou a Carcosa e falou com… Deus? God…



Tyrion não morreu. Alguém já te tinha dito isto, ou estou enganado?

O que ninguém te disse foi o facto de ao escapar ele acabar com a p*ta e o papá. Grande trabalho do realizador Alexander Graves ao pôr-nos na pele do Anão: matar estas pessoas não é um triunfo para ele, mas sim o cortar de um cordão umbilical com um mundo onde o odeiam. E como em qualquer corte de cordões umbilicais o efeito provocado é apenas choque.

Como se não ali estivesses realmente. Varys leva-o num barco para sabe-se lá onde: eu aposto na terra de Oberyn Martell… Mas nesta altura quem sabe?

Tyrion já não é um Lannister. Não tem ouro, nem influência, nem poderosos amigos… Não terá sido a melhor coisa que alguma vez lhe aconteceu?


Arya…

Arya está no mar. Vai para Braavos.

Brienne e o Cão de Caça são o que são: guerreiros. Não há espaço para debater uma solução: no caso «quem fica com a Arya» ambos escolheram julgamento por combate. Brienne ganhou. Mas ultimamente os julgamentos ficam sempre com a sentença por executar: e Arya não é o prémio de ninguém.

Numa das cenas que mais me marcou na série inteira, Sandor Clegane provoca e suplica a Arya por uma morte rápida. E esta afasta-se do seu companheiro de viagem, deixando-o sozinho no meio dos montes, com um osso a romper-lhe a perna, sem uma orelha e a cara esmagada. Indescritivelmente fenomenal, a atriz Maisie Williams conta a história inteira com os olhos: frios, indiferentes e conhecedores de causa.


1, 2, 3 e 4.

Quatro Starks em pleno poder. Arya, Brandon, Sansa e Jon. Quem diria que uma temporada depois do Red Wedding os Starks estariam em bem melhor forma que os Lannister?

Quem diria… Os poderosos caem e os fracos emergem num futuro desconhecido. Um futuro agridoce: tal como o ano de espera que ainda nos resta.


Valar Morghulis.

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