quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Crítica - The Lord of the Rings: The Two Towers - 2002 - Peter Jackson


Mais do que uma simples sequela, The Two Towers é a continuação pura de The Fellowship of the Ring.

Sequelas muitas vezes perdem o tom e o espírito da história que lhes precedeu, apresentando um mundo completamente diferente: exemplos disso são os vários capítulos da saga Harry Potter (que cedo perderam homogeneidade devido aos múltiplos realizadores) e as prequelas de Star Wars.

Sobre estas últimas abstenho-me de comentários: por agora...

Por ser filmada continuamente e pela mesma equipa, a trilogia The Lord of the Rings tem um sentido único, nunca se perdendo por meandros desnecessários ou irreflectidos.

Um caminho, uma história e mais um filme do catano.



Frodo e Sam vão em direcção a Mordor guiados pela misteriosa criatura Gollum. Aragorn, Gimli e Legolas tentam resgatar Merry e Pippin dos Uruk-hai, mas acabam por se ver envolvidos numa enorme batalha pela sobrevivência de uma nação. E depois há os ents…

Podemos começar por aí: os ents, embora apareçam pouco, são a parte mais chata do filme. Estes anciões em forma de árvore falam muuuuuito devagar e nunca dizem nada de jeito, o que torna as suas cenas altamente morosas quando comparadas com o resto. No final acaba por valer a pena, mas o caminho até lá é chato para caraças e faz o filme perder algum fulgor.



Fulgor esse que é maioritariamente proporcionado por Andy Serkis no papel de Gollum/Sméagol.

Esta criatura bipolar é o resultado do que acontece se uma pessoa ficar 500 anos com o Anel, e, através da poderosa performance do actor britânico, nunca deixamos de estar em perpétuo contacto emocional com este ser. Sendo completamente sincero, quando vi o filme pela primeira vez, não me apercebi que Gollum era feito com recurso a efeitos especiais: julgava que era apenas um gajo muito feio a falar com ele próprio.

Mas não, era SÓ uma das melhores performances de todos os tempos.



Hoje em dia, embora na versão BluRay já dê para notar certas falhas, existem pouquíssimos momentos em que fixes aqueles grandes olhos e penses «Isto é super fake.» Peter Jackson sabia que para o filme (e a trilogia em si) funcionar os efeitos especiais teriam de ser extremamente credíveis: e para ter um monstrinho deformado com meio milénio de vida a saltitar pelo ecrã seria preciso um exército de especialistas em efeitos especiais.

E por falar em exército: a famosa batalha de Helm’s Deep é a peça central da trilogia. Se fores à procura de EPIC SHIT no dicionário, a definição que vais encontrar é "Batalha de Helm's Deep".

Esta é, sem dúvida, das melhores cenas de guerra da história do cinema: de uma forma gloriosa consegue expor como todos os membros da Irmandade evoluíram, o quão dramática a situação é e como todo o rumo da história balança no gume de uma navalha. E tudo isto sem perder o controlo ou o sentido do que se está a passar, como em tantos filmes acontece (exemplo: Transformers… Oh wait, estava a falar de filmes).



A banda sonora de Howard Shore é também vítima de uma evolução de proporções (estou a esgotar todos os usos possíveis da palavra só para exacerbar bem o que este filme é) ÉPICAS, trazendo novos temas e novas centelhas de esperança e glória através dos seus delicados acordes. Os temas são tão geniais que consegues, só através deles, perceber com quem estás, em que situação e como a acção se irá desenrolar.

Não posso deixar de referir que todo este desenvolvimento acontece durante a brilhante introdução de novas personagens, interpretadas por Bernard Hill, Karl Urban, Brad Dourif, David Wenham e Miranda Otto (especialmente as de Hill e Dourif, ambos actores consagrados, que se reinventam de forma apoteótica na duração desta película).



A própria comédia tornou-se mais adulta de um filme para o outro. Merry e Pippin (representados por Dominic Monaghan e Billy Boyd, respectivamente) eram difíceis de diferenciar no primeiro filme, exactamente pelo excesso de piadas juvenis. Mas aqui percebemos que Merry está a ter um crescimento muito mais consciente do que o seu melhor amigo.

Tal como na nossa realidade, o discernimento de que a «guerra» toca a todos é (infelizmente) uma dádiva de poucos: e cabe-lhes o dever de «abrir os olhos» aos restantes.

E esse é o papel de Sam (Sean Astin). O seu magnífico monólogo (que serve de banda sonora a alguns dos acontecimentos mais importantes da história da Terra Média) refuta qualquer argumento que Roger Ebert pudesse ter nas suas críticas a esta trilogia.



Sim, estou a contradizer o maior deus da história da crítica de cinema.

E porquê? Porque embora grande parte dos 3 filmes sejam dedicados a reis e feiticeiros, nós só os vemos como se estivessem na televisão: longe e a fazer decisões imponentes que nem sabemos bem como acabarão.

Mas nós não. Porque nós não somos reis nem feiticeiros: nós somos os simplórios que nunca fomos confrontados com nada de mal neste mundo. Decisões de «guerra» nunca estiveram nas nossas mãos, o «destino da humanidade» nunca pendeu na balança dos nossos feitos heróicos.

A única decisão que SEMPRE tivemos de fazer, como Frodo, foi se apoiamos o bem ou cedemos à maldade. Obviamente que ele não é a personagem mais cativante: claro que preferimos os famosos guerreiros e magos cheios de poderes.

Mas se pensares bem e fores sincero, tu próprio sabes: tu não és a personagem mais cativante da história da tua vida. Existirá sempre alguém «mais…».

E é por isso não poderia existir melhor metáfora para a constante luta que é a vida humana que The Two Towers.

E é por isso que Simon Says that this movie is…




1 comentário:

  1. O Senhor dos Anéis - As Duas Torres: 4*

    Gostei bastante do desenrolar da história de "O Senhor dos Anéis - As Duas Torres" e adorei o seu argumento coeso, todo o seu conjunto serviu para aguçar a vontade para ver o próximo e último filme desta trilogia bélica e bastante conhecida.

    Cumprimentos, Frederico Daniel

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