domingo, 20 de abril de 2014

Crítica – The Dark Knight – 2008 – Christopher Nolan

Silêncio: alguém te vai contar um segredo.

Um segredo que envolve máscaras e explosões. Mortes e paixões. E aquele palhaço… Oh, aquele palhaço…

Silêncio: imagina-te daqui a uns anos, daqui a muitos anos. Tens um filho: ele está farto da porcaria que a «Nova Hollywood» lhe vende.

«Quero ver um filme de super-heróis papá!»

Sorris. Vais até à tua vitrina antiga, sopras o pó da caixa azul protectora e preparas o teu antigo leitor de DVD’s. A ranhura abre-se, inseres o disco e voltas a fechá-la. Sentas-te ao lado do pequeno.

«Qual é o filme?»

Sorris: porque no ecrã se fez silêncio.

«Shiu, vou-te contar um segredo.»

E é assim que o filme começa: silenciosamente, desenrolando o novelo ao longo do labirinto.

A primeira coisa que vemos? Uma máscara. Como se o realizador, Christopher Nolan, nos quisesse dizer que a partir de agora tudo o que vemos é um circo, onde o homem segurando a máscara de palhaço controla todos os outros.


Harvey Dent (Aaron Eckart), um novo promotor público, quer acabar com o controlo da máfia em Gotham: com esse intuito, alia-se a Batman (Christian Bale) e Jim Gordon (Gary Oldman). Entra em cena Joker (Heath Ledger), um anarquista sádico que não quer deixar nada disto acontecer.

Em «Dark Knight» as cenas são controladas em absoluto por parte de cada uma das personagens. 

Enquanto em muitos (grandes) filmes, a presença do realizador é quase palpável, aqui não existe espaço para isso.

Planos de complicadíssima concepção? Nolan prefere uma poesia simplista.

Efeitos especiais monumentais? Estão lá sim senhora, mas curiosamente nunca se sobrepõe em importância aos intervenientes (como acontece, por exemplo em Matrix ou Avatar).

E por falar em intervenientes: num frente a frente que nunca mais voltará a acontecer, Heath Ledger e Christian Bale, provavelmente os dois melhores actores da sua geração, imortalizam-se ao desempenharem faces opostas da mesma moeda.

Um é um agente do caos. Outro é um símbolo de justiça incorruptível.

Caos e ordem, luz e trevas, bem e mal. Cada um destes surge na ausência do seu oposto: bem pode ser definido como a ausência de mal e vice-versa. Daí que a presença de Batman tenha provocado o surgimento do Joker: um não poderia existir sem o outro.


Este tipo de comparações só são possíveis porque o argumento o permite: nunca revelando mais do que deve, nunca caindo no erro de expor o seu vilão demasiadamente e tendo a ambição de ser mais do que um simples filme de acção.

Um abraço masculino para vós irmãos Nolan: discerniram o potencial para catarse humana que sempre existiu nestas personagens icónicas e materializaram-no.

Se o podiam ter feito melhor? Podiam sim… O filme nunca deixa de ser interessante, porém existem histórias secundárias em que nunca poderás estar tão investido como na principal.

A perda de determinadas personagens acaba por ser uma nota em falso no conjunto da trama, isto porque nunca se percebe, completamente, a profundidade dos sentimentos de afecto que as interligam.

A maior falha do filme é mesmo a incapacidade de todas as personagens (à excepção de Alfred, desempenhado pelo grande Michael Caine) em exprimir sentimentos que não sejam medo, raiva, desespero e ironia. Vá lá, admite! Tu sabes que existe romance aqui pelo meio e no entanto nunca lhe é dado espaço no meio desta confusão toda!


Isso e o facto de nunca sabermos realmente qual é o plano do Joker no meio disto tudo.

«Do I really look like a guy with a plan?»

Não meu caro, não pareces. Pareces um maluco dos cornos que anda a dormir pouco e a tomar demasiados comprimidos. A tua sorte é já seres imortal: na história da 7ª arte e na parede do meu quarto.

E quanto à película, apesar destes contratempos, é, sem dúvida, o supra-sumo dos filmes de acção. 

Uma obra de arte no que toca a desenvolvimento de personagens interessantes e porrada credível. Uma história não apenas sobre super-heróis, mas sobre pessoas reais.

Pessoas reais com um segredo.

Silêncio.

Esperas uma reacção… Será que se deixou dormir?

«Obrigado por partilhares o teu segredo comigo papá! És o meu herói!»


E é com um sorriso que Simon Says that this movie is…


1 comentário:

  1. Uma review bastante boa do q
    Filme que se tornou num dos melhores filmes da decada passada parabens keep on

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