Para além de um buraco, embaixo terás spoilers.
O episódio abre com Ramsey Snow (Iwan Rheon) a caçar uma
gaja.
Quando eu digo caçar é literalmente caçar, com cães, arco e
flechas: como se fosse um animal. Atrás dele vai a sombra do que outrora foi
Theon Greyjoy: sem pila, sem alma, sem nada.
Magnifico trabalho dos dois atores, que de maneiras
completamente diferentes estão a ganhar um peso monumental na narrativa. Se no
final da última temporada esta era apenas uma história secundária engraçada,
está neste momento a tomar contornos muito importantes: e não consigo exprimir
o quão satisfeito isso me deixa.
Mais que não seja porque vamos poder ver aquele sádico a
avacalhar mais gente!
Estabelecemos contacto com todas as pontas soltas que não
foram atadas na semana passada: Tyrion, sabendo que a vida de Shae está em
risco, enviou-a para bem longe; Bran fala com as árvores que lhe indicam um
caminho, um passado e (talvez) um futuro; Stannis Baratheon continua demente na
sua busca por um poder vindo do além e Jamie Lannister começou a praticar
esgrima com a mão esquerda.
Em termos de desenvolvimento e acompanhamento de
personagens, «Game of Thrones» não tem páreo. Os níveis de produção e a atenção
ao detalhe, (apreciei especialmente aquela luzinha quente que envolvia a árvore
ancestral) mesmo com a magnitude de toda série, conseguem roçar o ridículo de
tão fenomenais.
E acho que é isto… Ou ter-me-ei esquecido de alguma coisa?
Ah, claro… O casamento real!
O rei recebe um livro como prenda de Tyrion. Agradece
demoradamente ao tio e, obviamente, despedaça-o com a sua nova espada de aço
valiriano. As «celebrações» são difíceis de observar porque Joffrey tenta
humilhar toda a gente: trazendo anões para desempenhar uma mini peça, onde goza
com a memória de Robb Stark e de todos os restantes mortos; despejando vinho na
cabeça do seu tio e obrigando-o a servi-lo novamente.
Peter Dinklage esteve a um nível que nunca o tinha visto
chegar: a sua personagem, Tyrion, foi rebaixada, obrigada a separar-se daquela
que mais ama, desacreditada pela própria família, e nunca perdeu a postura
nobre que sempre o caracterizou. A sua evolução de galanteador bem-falante,
para um homem bom que é torturado pelos seus, tem sido um privilégio de
observar ao longo destas 4 temporadas.
E ao longo dessas mesmas temporadas, o grandessíssimo filho
da p*ta do Joffrey foi sendo abanado inutilmente à nossa frente, como uma
cenoura à frente de um burro… Mas nunca mais.
Sim, o sonho molhado de todos os fãs desta série tornou-se
realidade: o rei está morto.
«Quem o matou?» é agora a pergunta na mente de todos. Cersei
aponta na direcção de Tyrion, mas todos sabemos (?) que ele não teve nada haver
com isto. Terá sido Sansa? Terão sido os Tyrell? Ou talvez Oberyn Martell?
A maneira inteligente como a camara foi conduzida deixa-nos
claramente com essa dúvida: e a versatilidade do realizador Alex Graves fica
patente ao conduzir as atenções em todos os sentidos, deixando-nos no entanto
com o prazer de observar cada segundo de aflição e tortura daquele puto
nojento, enquanto se contorce como um animal sem oxigénio.
Foi catártico: e admito que me levantei para olhá-lo nos
olhos e sorrir.
Adeus meu grandessíssimo cabrão: não vou ter saudades.
E agora sim, tudo é possível: nem «os maus» estão a salvo.
Na semana passada disse «… sente-se que algo vai acontecer
em breve… Algo grandioso.». Nunca esperei que passado apenas uma semana essa
grandiosidade se materializasse: muito menos desta forma.
Que continue assim.
Valar Morghulis.
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