terça-feira, 8 de julho de 2014

As Gajas e os Gajos: Auto de Pouca-Fé

Eu tenho uma conhecida (e é uma pena ela não passar disso…) que tem uma teoria.

Essa teoria explica o porquê de os gajos verem gajas apenas enquanto prémios.

Esta teoria explica o porquê de as gajas verem gajos apenas enquanto objectos de hábito.



Essa teoria conclui que apenas o teu primeiro amor (aquele que te fez derramar lágrimas, tomar a pílula e que ainda hoje usas como comparação com os restantes) foi o único que experimentarás na vida inteira.

Ela disse-me mais umas tretas sobre a pílula desregular as hormonas e, consequentemente, os instintos primitivos do ser humano que te levam a escolher o parceiro que mais se adequa às tuas características naturais.

Aquele com o qual estás destinada a passar o resto da vida.

Uma vez desreguladas as hormonas, elas levam-te a repudiar as características que naturalmente te atrairiam mais e a escolher as que são de menor compatibilidade.

Curioso, não é?



Eu não investiguei, eu não sei o quão credível esta miraculosa epifania poderá ser: mas avaliando o que vejo, oiço e sinto a acontecer à minha volta, esta pode ser a explicação pela qual o mundo está repleto de putos e putas.

Homens são simples no que toca a relações: já toda a gente está farta de o saber.

Ela tem que ser engraçada, interessante, confiante, sexy e irrefutavelmente apaixonada por ele.



Essas são as simples condições deste pacto sagrado. Por muito que se tentem armar em machões frios e sem sentimentos, todos sonham desde putos em encontrar essa pessoa.

Aquela pessoa que vão amar, abraçar e proteger de todo o mal que existe no mundo.

A tua rapariga é assim? Luta por ela e nunca a deixes: não tens nada de maior valor na vida.

No entanto sei que a maior parte dos rapazes, quando cresce, não quer saber de sentimentalidades. Usam e abusam de quem se lhes entrega, criando criaturas de gelo…

É como se vampiros plantassem alho: estão a cavar a sua própria sepultura.

As mulheres são um tópico mais delicado.

Para a maior parte dos homens, elas são a “escadaria para o céu” e o próprio céu. Incontáveis gerações dedicaram as suas vidas ao estudo deste ser… Incontáveis guerras e milhões de vidas foram perdidas em prol do misterioso poder que lhes está inerente.

E no entanto elas são exactamente o contrário do que se pretende.

Têm várias caras e «nunca» se deixam influenciar. São frias, calculistas e desinteressadas. São tudo e fazem-te sentir nada.



A não ser que sejas o músico certo a tocar a música certa.

A não ser que rejeites qualquer pretensão de a tratar bem.

Porque aparentemente, hoje em dia, só obténs a sua TÃO vital atenção a partir do momento em que te demonstras desinteressado e estupidamente ignorante em relação a tudo o que lhe diga respeito.

Agora digam-me onde é que isto faz sentido? Todas as pessoas querem ser felizes e amadas! No entanto a futilidade desta era leva-nos a rejeitar todo e qualquer potencial sentimento.

Se amas ou queres amar, és rejeitado. Se não amas e te estás a cagar és recompensado com um corpo, uma alma e tudo o que nunca pediste. E isto funciona para ambos os sexos.

E porquê?

Será um mecanismo de defesa/filtro contra “predadores e perdedores”? Os predadores são os primeiros a conseguirem dar a volta a isso e os “perdedores” nem sequer tentam, por muito bem-intencionados ou estimulantes que sejam.



Será um processo de escolha natural? “Quem aguentar o meu desprezo merece conhecer-me!” Não percebem que estão a rejeitar a possibilidade de ser felizes? Ou simplesmente de conhecer alguém interessante?

F*da-se: estamos numa era em que a comunicação é valorizada acima de tudo, e no entanto, qualquer toque, qualquer palavra, qualquer olhar é imediatamente subentendido como sexual. Obviamente que ambos os sexos a pensarem desta forma torna-o verdade!

Acordem. Toda a gente quer ser feliz.



“Oh, se eu fosse dar atenção a toda a gente que quer falar comigo e não fazia mais nada da vida!”

“Devo-lhe alguma coisa para lhe estar a responder?”

A vida é vossa.

Eu não sou santo nenhum, não estou a tentar pregar uma verdade absoluta e incontestável, a qual sigo à risca. No entanto, existem várias situações que eu vejo e experimento que não posso deixar impunes.

Podes borrifar-te em tudo o que estou a escrever: mas talvez daqui a uns anos (e sinceramente espero que não), quando te olhares ao espelho e as rugas começarem a surgir, o corpo começar a murchar e a relação em que estás te deixar na merda porque ele/a não é a pessoa certa… Talvez te lembres do que te estou a tentar dizer agora.

Sim, porque o ser humano só se preocupa e ama REALMENTE aquilo que tem e quer quando o perde ou está prestes a perder.


O mundo é cheio de possibilidades: porquê escolher o desprezo quando podemos dar felicidade?


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