domingo, 28 de junho de 2015

Game of Thrones 5ª Temporada - Critica - Episódio 10 «Mother's Mercy»

Para além de um Buraco, embaixo terás spoilers.

Não é segredo nenhum que detesto o Kit Harington, e para dizer a verdade este fui eu durante a cena final da 5ª temporada de Game of Thrones.


Mas já lá vamos.

O Stannis queimou a filha e o gelo desapareceu. Eu próprio pensei que o gajo ia destruir tudo à sua passagem, mas lá está o efeito Game of Thrones: o exército bazou, a mulher suicidou-se  e a feiticeira trollou-o. O Baratheon, teimoso como tudo, vai em frente. Resultado: o Ramsay despacha-o em menos de 1 minuto. A Brienne (que esteve à espera de um sinal da Sansa A TEMPORADA INTEIRA e perdeu-o por 5 SEGUNDOS) foi lá decapitá-lo em nome do seu ex-ex-ex-ex-ex-ex protegido, Renly Baratheon. Ou será que não? Agora é só esperar um ano para saber.

A Sansa ia falecendo com uma seta da amante do Ramsay, mas o Theon voltou dos mortos e salvou-a. E para fugirem ao grandioso senhor do sadismo saltam do 10º andar. Quero ver o que é que estava lá em baixo para lhes aparar a queda… Estas duas cenas pareceram-me suuuuper precipitadas: a tensão podia ter sido muito melhor construída, mas não… Vamos a despachar que temos mil histórias para deixar água na boca de toda a gente!



A Arya despacha o tal pedófilo HARDCORE STYLE. Mas, como o Deus das Mil Caras (será possível ter um nome mais fixe que este?) não curte trafulhices no Monopolio da vida e da morte, manda a Stark para a prisão 3 turnos. Tradução: a Arya está cega. Eu não faço ideia que tipo de cego é que ela vai ser, mas POR FAVOR: que seja tipo Daredevil.

Myrcella sabe que o Jaime é o pai e gosta disso. Owww que fofo! Nem dois minutos depois falece. Ups… Melhor parte disto tudo?



O Varys reaparece e volta a fazer dupla com Tyrion. Agora que a Rainha se foi embora, parece que os manos vão ficar a tomar conta de Meereen. Ooooh boy, isto vai ser bonito. O Sor Jorah vai em busca da sua amada. O Daario Naharis (tenho sempre que ir ao Google ver como se escreve…) vai em busca da sua amada. Isto só pode ser divertido, certo? Aceitam-se apostas em qual deles morre primeiro.

A Dany está no meio do monte com um dragão labrego. Sem nada que fazer, vai passear. Por coincidência, um exército de MILHARES de dothrakis estava a passar por ali. E agora? Agora é só esperar um ano para saber o que vai acontecer.



Melhor cena do episódio (só não é da temporada por causa do Zombie King) : a expiação de Cersei. Não é segredo nenhum que (ao contrário do Jon Snow) detesto a personagem e adoro a atriz. Mas por amor da santa: aquilo foi EXCRUCIANTE de ver. B-R-I-L-H-A-N-T-E trabalho de Lena Headey. Se ela não ganhar um Emmy este ano… Ah, é verdade: o Frankenstein voltou à vida, ou seja: next season, TÃO TODOS F*****S!



E finalmente.

O Sam vai-se embora. A feiticeira chega e não diz nada. O Snow é esfaqueado até à morte. Elogiei o ator esta temporada toda, porque realmente o seu desempenho melhorou: e agora todos percebemos porquê. PORQUE ERA A SUA ÚLTIMA TEMPORADA!

Se ele volta ou não? Estou mais inclinado para o sim. Mas hey: se for para voltar, por favor, que seja só a personagem e não o ator. ESTOU FARTO E CONTENTE POR TERES MORRIDO!

VIVA O RAMSAY BOLTON! ATÉ PARA O ANO… CAMARADAS!




Valar Dohaeris.

sábado, 27 de junho de 2015

Game of Thrones 5ª Temporada - Critica - Episódio 9 «The Dance of Dragons»

Para além de um Buraco, embaixo terás spoilers.

Mais do mesmo, mas podemos realmente queixar-nos? Not me…

A Arya (a vender ostras, ameijoas e mexilhão) vê o gajo que matou o Syrio Forel (o seu antigo mestre). Ora, para quem não se lembra, este é o primeiro bacano da lista de mortes dela. E para quem acha que matar o Syrio não foi crime suficiente, no stress: o gajo vai a uma casa de pêgas, oferecem-lhe mulheres que valha-me Jesuis, e ele prefere miudinhas de 6, 7 anos… Acho que a partir daqui era óbvia a maneira como a Arya o ia despachar.



Os meninos lá da muralha deixam o Snow entrar. No big deal, à excepção daqueles 30 segundos de tensão em que achávamos todos que ninguém ia abrir o portão.

O Jaime consegue safar o Bronn de falecer e, aparentemente, o irmão do Oberyn é mais sensato. Mete a rainha das cobras no lugar e deixa o sobrinho ir casar para King’s Landing. How nice! O destaque, na minha opinião, vai para a atriz Indira Varma, que já demonstrou mais capacidades interpretativas no pouco tempo que teve nas últimas duas temporadas que muitos meninos/as que andam por aqui desde o principio.



Agora o duplo Main-Event.

O Ramsay não apareceu, mas o seu impacto fez-se sentir. Com 20 gajos despachou quaisquer hipóteses do Baratheon ganhar posse de Winterfell sem ajuda de poderes sobrenaturais. Sem comida, sem cavalaria, repleto de desertores e mortos, Stannis toma a decisão mais lógica da série: vou queimar a minha filha viva. Manda o Sor Davos embora (que oferece à menina um veado de brincar) e de seguida trata de ter uma terna conversa com a filhota sobre a possibilidade de ela ajudar. Afinal de contas ela é princesa, right? O que acho mais irónico no meio disto tudo é que o veado (símbolo dos Baratheon) é queimado com ela… Acho que isto diz tudo.

Equiparável apenas ao Red Wedding, esta é a cena mais difícil de assistir na série inteira. Vão lá cagar: a Sansa a ser violada é pior do que isto? Tenham dó…



E finalmente, “A Dança dos Dragões”. Ou do dragão, neste caso…

É por isto que Game of Thrones é das cenas mais fixes de sempre: numa semana estamos a ver as suas personagens enfiadas no Walking Dead e esta semana estamos a vê-las enfiadas em Spartacus. COM DRAGÕES!

A Dany está toda chateadinha porque não quer ninguém a lutar, o Shôr Jorah aparece e avacalha quase todos e de repente… BANG! Os bacanos mascarados do Eyes Wide Shut aparecem e começam a esfrangalhar toda a gente. Quando só restam meia dúzia e parece que vamos ter uma batalha ao género 300, aparece o Drogon e queima-os a todos. A Dany, que deve ter lido o Eragon na noite passada, monta-se nele e baza dali.



Que se lixe a razoabilidade: Game of Thrones é épico em todos os sentidos possíveis e impossíveis. Mantenho que falta uma batalha MESMO GIGANTE para tomar o trono, mas em termos de fantasia… Só LOTR é que os ultrapassa.

Escrevam o que vos digo, meninas e meninos: um dia, daqui a muitos anos, quando Game of Thrones acabar, alguém vai fazer um Super-Cut de todas as temporadas. Vai fazer uma trilogia fílmica, ou algo do género. Vai tirar todas as partes superlativas e deixar só o que interessa.

E essa versão sim: essa versão pode concorrer ao trono. Até lá…


Valar Dohaeris.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Game of Thrones 5ª Temporada - Critica - Episódio 8 «Hardhome»

Para além de um Buraco, embaixo terás spoilers.

Este foi O episódio.

Dany, finalmente, fala com Tyrion . O realizador Miguel Sapochnik parece ter acordado para a vida e deu espaço aos atores para respirar. O resultado? Exactamente aquilo que devíamos ter tido no episódio passado: simplicidade e “epicness” através do trabalho de Peter Dinklage e de Emilia Clarke. Se isto continuar assim daqui para  a frente, magnifico! Ah, e o Lord Friendzone vai voltar a lutar na Arena. Já sabemos que é só para ficar mais próxima da menina loirinha… 

Pedófilo…



A Cersei continua a ser avacalhada a torto e a direito. Só o Dr. Frankenstein  e aquela gaja que parece tirada do American Horror Story: Asylum é que a vêm ver. “Confessa.” É exasperante porque a mulher, embora chateada e a desancar chapada na cara da rainha, nunca altera aquele tom de quem está sentado na sanita.

A Miss Arya agora vende ostras, amêijoas e berbigão (sabe-se lá onde foi buscar aquilo) e tem o pior penteado dos 7 reinos. Divertido, icónico (já não basta pôr os fãs a lembrarem-se todos da porcaria das pessoas que ela quer matar, agora temos que nos lembrar do berbigão também) e põe-na na senda de algo maior.



A Sansa chateia tanto o Reek que ele admite que não lhe matou os irmãos. Isto parece encorajá-la a viver: pelo menos é a minha opinião. Já vos disse que não gosto muito da Sophie Turner como atriz? O registo também parece ser sempre o mesmo, por isso… O Ramsay ( *-*)  quer 20 homens para chacinar um exército de milhares. E depois ainda perguntam como eu gosto dele!

E finalmente A CENA.

Tal como na temporada passada, o Snow fica com os louros de ter estado na maior batalha da série: e desta vez não vou mandá-lo a baixo. Se isto significa que o inferno vai gelar, então seja: Kit Harington deu uma lição de bem representar neste episódio. Simplesmente sensacional. Tenho uma amiga que diz: “Prefiro os filmes de guerra porque as emoções são as mais primárias do ser humano. O instinto de sobrevivência fá-las sobressair.”



E isso serve de explicação para a qualidade das representações aqui. Não que a realização seja descorada, porque JESUIS! Aqueles 4 cavaleiros do fucking Apocalipse lá nas alturas a mirarem tudo que nem corvos (pun intended) . Os fucking efeitos especiais (principalmente nas crianças), os diferentes estilos e abordagens à luta, a banda sonora e PRINCIPALMENTE os silêncios.



Os últimos 10 minutos são um exemplo absoluto do PODER do silêncio no cinema/televisão. O rei dos zombies levanta o exército inteiro e o que é que torna a cena poderosa e assustadora? O silêncio. Os cadáveres levantam-se deixando o Mr. Snow em puro e completo desespero.

E sim, senhoras e senhores, vocês lembrar-se-ão sempre desta como a noite em que Game of Thrones virou Walking Dead.

A temporada só melhorava a partir daqui se o Ramsay montasse os 3 dragões e conquistasse os 7 Reinos sozinho.


Valar Dohaeris.

Game of Thrones 5ª Temporada - Critica - Episódio 7 «The Gift»

Para além de um Buraco, embaixo terás spoilers.

Hora de acabar as críticas a esta temporada meninos e meninas. O facto de não ter tido pica para as fazer enquanto ela ia dando já revela o que acho: no geral. Se bem que estes últimos episódios… Well, let’s get down to it!

O último Targaryen, o avozinho lá da muralha, falece praí aos 1000 anos. Eu não sei se é de conhecimento geral, mas este gajo era suposto ter sido rei em tempos (e é tio da Dany). Foi uma cena bem desenrolada e que deu aso à luta pela Gilly (aquele lobinho tão depressa apareceu como desapareceu) e a maior vitória de todas: O SAM PERDEU OS 3! Olé, olé, olé! E como a fasquia não podia ter subido mais, deixaram a Muralha de lado no resto do episódio.



O Jaime quer levar a filhola para casa mas ela não vai. Na cena mais estranha do episódio o Bronn é obrigado a dizer que uma das Sand Snakes é boazona senão falece… Sou só eu ou mais alguém também acha que as cenas destas miúdas são suuuper forçadas?

O meu lindo amigo Ramsay descobre que a sua mulher quer fugir. Oh Sansa, porque farias isso? Com um marido desses, vais ser a futura guardiã do Norte e queres fugir?! Ninguém percebe estes Starks. Nesta cena já deu para ver que o Theon está a voltar… Pouco a pouco. 

E para mim não vale a pena argumentarem: qualquer cena em que o ator Iwan Rheon apareça é uma cena ganha. SEMPRE.   KISS ME MY LOVE!



Noutras noticias, o Stannis não quer escapar ao gelo nem queimar a filha. Estás dividido entre o gelo e o fogo, né menino? Pois, é mais ou menos esse o objectivo da série. Vais ter de escolher. Soon…

O Tyrion e o Jorah, depois de uns quantos avacalhos que só serviram para mostrar que o anão até se desenrasca bem sozinho, acabaram frente a frente com Dany. Num momento que devia ter sido épico em mais do que um sentido, POR CAUSA DO RAIO DA REALIZAÇÃO, OUTRA VEZ, acabamos com um sentimento de: “Nhem, foi só isto?”.

Opá, ya, é fixe que duas das personagens mais “gostáveis” da série se encontrem, mas nem a camara nem a música fazem jus ao momento. Porquê man? PORQUÊ?



Por fim, as melhores cenas do episódio pertencem à realeza e ao “rei” dos plebeus. A avozinha dos Tyrell, que normalmente ganha as discussões todas com a sua retórica “straight to the point” é completamente amestrada pelo High Sparrow. Um bacano simples com pretensões simples: justiça para todos. Faz-me lembrar o Harvey Dent no Dark Knight.

E isso leva-me à última cena que talvez esteja no top 5 desta temporada. A Cersei vai gozar com a Marge. Sim senhora, espero que tenhas aproveitado. De seguida, porque insuflar o seu próprio ego nunca é demais, vai falar com o High Sparrow. Ora, sem meias medidas, este vem com o discurso de que o simples é puro e bom. E Cersei, hás-de ficar pura e boa: nem que seja à força. Acusam-na de incesto e metem-na na masmorra para acabar o episódio.



Intenso? Yup. Irónico? Sim. E viram como não foi preciso ângulos da piça ou cortes estranhos para a cena ficar poderosa? Os atores fizeram um excelente trabalho e Lena Headey está cada vez melhor. Ponham os olhos nela! E rezem, já agora… Bem vai precisar.


Valar Dohaeris.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

[TAG] Viciado em Séries

O Buracão foi nomeado pelo Hoje Vi(vi) um Filme (props big boss :P) para responder a um tag sobre as suas séries favoritas. Como gajo que só começou a ver séries A SÉRIO na universidade, acho que apanhei algumas jeitosas. 

Para continuar o desafio, ficam aqui os nomeados do Está Um Buraco Lá Embaixo:





1) Qual a tua série favorita?

Começar a matar logo, né? Isto é como escolher um filho favorito... Vou ter de dar duas respostas diferentes:

1- Vibro e vivo Game of Thrones como nenhuma outra série. Odeio e amo as suas diferentes personagens de maneiras completamente distintas. Não obstaaaaante...
2- As únicas séries que tenho na prateleira são Firefly e True Detective. Acho que isso diz muito em relação a mim, right?



2) Qual a série que recomendarias a qualquer pessoa?  

Porque Game of Lola e Breaking Bad já estão muito recomendados, True Detective é pesadão demais para determinadas mentes (I'm looking at you Uma Questão de Sátira), a QUALQUER pessoa teria de recomendar Firefly: leve, divertido, inteligente, por vezes emocional e CRIMINALMENTE underrated. 





Não obstaaaante, recomendo BUÉ Utopia (das melhores fotografias e personagens que alguma vez vi) e Fargo (dos melhores argumentos e interpretações, Billy Bob Thornton e Martin Freeman, de sempre em televisão).




3) Qual a série com o melhor figurino?

Game of Thrones, too obvious. Just look at the fucking budget!


4) Qual foi a última série que viste?

Toda completa o mano Hannibalio. Mas estou a acabar Daredevil.



5) Já ficaste triste com o final de alguma série?

Spartacus :'( I cry everytime.


6) Que personagem gostavas de ser?

Top 3

1- Gannicus, da série Spartacus (FUCKING OBVIOUSLY!!!)



2- Ramsay Bolton, da série Game of Thrones (Yes, I'm a sick bastard)
3- Sherlock Holmes, da série Sherlock (Sure, why not?)

Embora adore o Tyrion, ele tem uma vida demasiado lixada...


7) Que série tens vontade de ver?

House of Cards, Penny Dreadful, Sons of Anarchy, Samurai Champloo, The Wire, The Sopranos, Twin Peaks, Dollhouse e Rome.


8) Que série não tens vontade de ver?

Arrow e Castle.


9) Já viste alguma série só porque sim? Se sim, qual?

As últimas temporadas de Walking Dead vi só porque sim... E entretanto desisti.


10) Pensa em alguém. Diz quem é e que série gostam de ver juntos?

A minha banana :3 Víamos Penny Dreadful que ela chateia-me muito para ver. And because Eva Green...



quinta-feira, 11 de junho de 2015

Crítica - Arena - 2009 - João Salaviza


A arena é um círculo imperfeito. A arena é um campo de batalha com memórias cravadas na pedra e acordes reminiscentes dos “verdes anos”. A arena é sangue, suor, tinta e urina.

Há filmes que tentam ser metáforas e perdem o movimento. Muitos filmes movem-se com tanta rapidez que esquecem as metáforas. Arena, a multipremiada curta-metragem de João Salaviza, é uma metáfora em constante movimento.

Mauro (Carloto Cotta) tem uma pulseira electrónica. Num dia de calor, três miúdos entram-lhe em casa, espancam-no e roubam-lhe o dinheiro. Se o fizeram por parvoíce ou por necessidade nunca fica completamente explicito: mas explicito fica que são parvos necessitados.



A premissa pode fazer Arena soar a um revenge-flick “com esparguete”: e na superfície apresenta alguns desses elementos. Um homem de poucas palavras. Um vilão com um feitio difícil e algo do qual se queixa. O sol abrasador. O dinheiro. Estará o Portugal contemporâneo transformado no velho oeste?

Será Arena o Do The Right Thing português? Até certo ponto: mas Salaviza conduz a orquestra de forma muito mais focada que o clássico suburbano de Spike Lee. Onde o americano mostra uma hiper-realidade, o português mostra detalhes. Breves subtilezas (olhares, toques, movimentos, silêncios) que deixam mil e uma histórias para o espectador absorver vezes e vezes sem conta.

O título conta-nos tanto acerca da narrativa como as próprias personagens: cada plano, cada movimento corporal e cada palavra disparada pelos atores tem uma violência irrefutável. É impossível não pensar nos gladiadores de outrora ou nos atuais lutadores de mixed martial-arts: um público atento aos golpes, aos gritos e aos espasmos implorativos. Nós: o público.



Resume-se tudo a um acumular e a um libertar. Acção-Reacção. Lisboa é sangue em ponto de ebulição. A cidade existe para ser contada: e Arena fá-lo. Cada prédio, cada ponte, cada rampa são mostrados de forma orgânica: como se todos os metros quadrados de cimento tivessem originado da mente do realizador, qual Inception. 

E existe algo de Kubrick nesta curta-metragem. O lendário realizador era temido pelo meticuloso controlo que exercia sobre cada detalhe das suas obras: e embora as rédeas criativas de Salaviza sejam claras, a naturalidade com que cada uma delas surge no ecrã não deixa dúvidas. Arena é movido à luz de uma realidade bem presente: não de uma qualquer ficção.




Para quem matemática simplifica as coisas: Do The Right Thing + Barry Lyndon = Arena.

Não é preciso hiphop de intervenção ou música clássica: a testosterona fala alto o suficiente para nos preencher o ritmo da acção. Não é preciso um clímax hollywoodesco: afinal de contas um gladiador só quer ver a luz do dia mais uma vez. Não é preciso Lee Van Cleef com um mortal bigode para nos intimidar: um puto chamado Alemão (curioso…) é o suficiente para deixar o público de pé atrás e Mauro no chão.

Embora saibamos à partida que o protagonista terá feito algo de deplorável, Carloto Cotta consegue transmitir um ar de amigabilidade quase inocente. Se a narrativa já nos fazia torcer por ele, o ator é responsável pela credibilidade e confiança que depositamos no “herói”. Estamos com ele na sua missão até ao fim: dê por onde der.



Porque todos precisamos de uma missão.

Pode não ser chegar à lua, pode não ser ganhar um prémio em Cannes. Pode até nem ser aquela tatuagem que sempre desejámos mas a mãe não deixou fazer (e que rebeldes seríamos se a tivéssemos feito). Pode simplesmente ser o facto de termos visto um filme português. Um BOM filme português: daqueles que não tem vergonha e dos quais nós não temos vergonha.

Porque se tivéssemos, fugíamos e deixávamos de acreditar. Mas nós ainda aqui estamos: no telhado, ao sol, a apreciar a vista. À espera do melhor que ainda está para vir.

Simon Says that this movie is...