segunda-feira, 27 de abril de 2015

Crítica - Capitão Falcão - 2015 - João Leitão

VAMOS A ISSO… CAMARADAS!

Estou exorbitantemente feliz de vos dizer… Dizer, não: ORDENAR! Ordeno-vos que vão ver o Capitão Falcão! JÁ!

Portugal está a ser invadido por toda a espécie de biltres: comunistas, feministas, liberais… O “salvador” da pátria, António de Oliveira Salazar (José Pinto), não pode deixar isso acontecer. E só existe um homem capaz de salvar este paraíso na Terra!

“CHAMOU SENHOR PRESIDENTE?”



A primeira vez que Gonçalo Waddington apareceu com a farda de Capitão, esticando os seus músculos faciais de maneiras que envergonhariam o próprio Jim Carrey, urinei a minha roupa interior. A última vez que isto me tinha acontecido num cinema foi no Lobo de Wall Street.

Sim senhoras e senhores, este filme é assim tão bom.

Sem o budget para malabarismos técnicos de cortar a respiração, João Leitão e a sua equipa conseguem, com bastante sucesso, espetar na tela soberbas cenas de acção e efeitos especiais espectacu… Bem, talvez não espectaculares, mas sem dúvida contundentes no que respeita ao universo em que situam a acção. David Chan Cordeiro (Puto Perdiz) e os manos da MAD Stunts merecem muito reconhecimento pelo seu trabalho sem páreo em Portugal.



Ah, mas obviamente que este não é o nosso Portugal! Este é um país repleto de feiticeiros negros, gangues perigosos, fanáticos partidários, responsáveis de Estado sem cérebro… Espera aí: afinal ESTE É o nosso Portugal! Enquanto sátira político-social apontada directamente “às massas”, é equiparável aos melhores sketches dos Gato Fedorento. Só que com mais porrada.



Há duas coisas que (na minha opinião) uma comédia deve fazer para ser consistente: saber que é uma comédia e não ter peidos. Capitão Falcão cumpre estes requisitos. No entanto, é importante referir: se te chocas com piadas racistas ou misóginas, afasta-te o máximo possível do cinema. Mais do que uma vez dei por mim a rir descontroladamente e a pensar: “Eu não me devia estar a rir disto!”. As minhas favoritas foram: as "lições" do Jaime, o uso de bolos mais "perigoso" de todos os tempos e a "activação" dos capitães.

E caso não cheguem lá sozinhos, meninos e meninas, o argumento utiliza estas piadas e gags para criticar a sociedade do Estado Novo… E talvez um “bocadinho” da actual, vá!

Que é que se pode dizer mais? O cheiro a queijo emana de todos os frames da longa-metragem: os rápidos zooms para as caras idiotas das personagens, o diálogo estapafúrdiamente inteligente (saí do cinema a repetir montes de frases), os sets repetidos e as performances cartoonistas de TODOS os actores. (Ainda esta manhã cumprimentei a minha progenitora com a voz do Capitão. Simplesmente irresistível!)



Por amor da santa: houve alturas em que parecia estar a ver um episódio dos Power Rangers, em que o pessoal tinha todo fumado um ganda bazuco. Aliás, acho que essa é a melhor descrição possível do filme: um episódio de Power Rangers, em ácidos, passado em Portugal.



A banda sonora é majestosa e com uma personalidade bastante vincada. No entanto há determinadas situações em que se sobrepõe demasiado à acção: não devia.

Outras chatices incluem pontas soltas. Se determinada cena existe só para plantarem as sementes para uma potencial sequela ou para ter piada, não devia existir. O exemplo mais flagrante é a aparição do Major AL….…………………………………..BERTO! Sem peso real no desenvolvimento do protagonista e na narrativa, esta cena até tem piada, mas perde tempo ao introduzir uma personagem que nunca mais foi vista em cena.

Outro exemplo é a cena de jantar. AWKWARD a um nível estratosférico, a cena prolonga-se mais... E cada vez mais. No final, a tensão é libertada de maneira absolutamente histérica: mas teria resultado igualmente bem com menos 1 ou 2 minutos de mastigação.



Capitão Falcão.

Quem diria, hein? Tanto tempo à espera de um filme português com tomates e finalmente aparece um que em vez de 2 tem 17! Com um final de, literalmente, bradar aos céus (não te esqueças de ficar até ao final dos créditos!) este é SEM DÚVIDA ALGUMA uma obra essencial para a geração do pós- 25 de Abril. Para nos relembrarmos do que conquistaram por nós. Para nos relembrarmos do que aqui se passou durante tantos anos. Para TE LEMBRARES que de outra forma não estarias a ler isto.

Tem tu também tomates e vai ao cinema APOIAR O QUE É TEU! Porque é muito lindo ir ver o Fast & Furious 7, as 50 Sombras de Grey ou os Avengers e depois queixarem-se que o país está uma merda e que isto não muda nada. Por uma vez TU tens o poder de fazer a diferença. Tu tens o poder de melhorar o teu país através do cinema.  Em vez de um cravo, usa um pacote de pipocas. Deixa a sala escurecer e vai com o Capitão rir-te do mal em vez de ficares a divagar nele.


Simon Says that this movie is…



domingo, 26 de abril de 2015

Game of Thrones 5ª Temporada - Critica - Episódio 2 «The House of Black and White»

Para além de um Buraco, embaixo terás spoilers.

Episódio recheado de cenas fixes e outras que não são assim tanto, mas que poderão desenvolver-se enquanto tal e coiso.

Uma ameaça chega a King’s Landing vinda de Dorne: o pessoal das areias tem a miúda Lannister como “convidada” e à sua completa disposição. Matar o Oberyn (tenho saudades tuas bro) pode não ter sido a cena mais inteligente a fazer.



Jaime chega-se à frente para salvar a filhota: mas não vai sozinho. Bronn, que vai casar com uma nobre feiinha, é visitado pelo Regicida que lhe oferece uma gaja melhor e um castelo maior. O único contratempo é ir com ele até Dorne, causar sarilhos. Bronn sempre foi das melhores personagens da série e é bom vê-lo novamente: mas cheira-me que não vai durar muito tempo.

A namorada do Oberyn está passada e quer vingança. Doran Martell, irmão mais velho do falecido, parece ter um plano em marcha. Lê-se tudo nas entrelinhas…



A inclusão do palácio de Alcazar em Sevilha enquanto pano de fundo para Dorne é um regalo para os olhos e um excelente aproveitamento do que o país vizinho tem de bom para mostrar. Não é que Portugal não tenha palácios e excelentes localizações para gravar… Mas quanto a isso não podemos fazer nada. Ou podemos?

Cersei é avacalhada à força toda. Não chega pôr um prémio pela cabeça do irmão mais novo (o que provavelmente levará à extinção de todos os anões do reino): também institui um dark lord da piça para o conselho. O tio dela, como Lannister de velha guarda que é, manda-a ordenhar um cavalo: ela é a rainha regente, não o rei. Foi das poucas vezes na série que se viu o controlo da situação sair-lhe completamente das mãos.



E isso só me deixa satisfeito.

Brienne e o gajo da pila grande encontram Sansa e Littlefinger. O típico: a “não cavaleira” tenta defender a Stark, a Stark rejeita-a e uns quantos gajos são decapitados. Embora os envolvidos sejam fixes e Gwendoline Christie me convença enquanto atriz (mal posso esperar para vê-la em Star Wars VII), as acções de Brienne estão a tornar-se demasiado repetitivas. É fixe vê-la a cortar a cabeça de soldados random, mas acho que já está na altura de passar à frente.

O inferno vai congelar pessoal: o Snow foi interessante neste episódio. Enquanto “rei”, Stannis tem o poder de lhe dar o nome de Stark e fazê-lo lorde de Winterfell. E ele rejeita porque fez o juramento da Patrulha da Noite.



WTF?! Que fibra moral rapaz, muito bem! Estou orgulhoso de ti… De ti e do Matt Damon (eu odeio o Matt Damon). Para compensar, o Sam faz com que ele vença a eleição para Lorde Comandante da Muralha. Quer dizer… A cena em si fez maravilhas para desenvolver o Jon enquanto potencial líder, mas este gajo está cada vez mais totó em todos os sentidos possíveis da palavra: incluindo aquela cena para meter no cabelo.

Dany volta a fazer parvoíces. Depois de mandar encontrar os assassinos do Eyes Wide Shut, e depois do seu ex-escravo favorito ter assassinado um deles, decidiu não brincar ao Dredd.


“Mas Khaleesi tu és a lei!” “Népia mano, a lei é a lei!”. Se a lei é a lei, o ex-escravo fica sem cabeça e agora a menina do cabelo doirado tem uma revolução em mãos. Os dragões querem-na comer, os seus “filhos” querem apedrejá-la… Existirá uma melhor metáfora para a vida da Targaryen do que Drogon a vir visitar apenas para voar noite adentro?

Algumas coisas não podem ser controladas darling. Tyrion despacha-te a chegar, ela está a ficar sem tempo.



Arya: tive saudades. Jaqen H'ghar (regressando de forma espetacular!) avacalha-a como de costume, mas por fim, ela está exactamente onde deveria estar. A vida pode não lhe ter dado o caminho mais fácil, mas ela está a fazer o que sempre sonhou. É uma guerreira numa aventura, prestes a treinar para se tornar mais forte.

Prestes a tornar-se “ninguém”. O que é que isto significa? Não faço ideia, mas mal posso esperar para saber…

O mundo de Game of Thrones aumentou para dimensões messiânicas. Andamos à volta de países longínquos, com culturas totalmente diferentes: e o facto de a transição entre todas elas ser super suave é a marca indelével da qualidade e atenção aos detalhes por parte dos seus criadores. Vamos ver o que o futuro nos reserva.


Valar Dohaeris.

domingo, 19 de abril de 2015

Crítica – Furious 7 – 2015 – James Wan

Sou de uma geração estranha.

Crescemos abençoados por filmes das estrelitas (prequelas Star Wars), uma história épica de sacrifício e fantasia (The Lord of the Rings) e uma saga de amizade e magia (Harry Potter).  

Obviamente que nenhum de nós podia ser um Jedi, um feiticeiro ou um poderoso guerreiro. O que podíamos (e na verdade queríamos) ser era alguém como Brian O’Conner (Paul Walker) ou Dominic Toretto (Vin Diesel).



Facto: para miúdos dos 10 aos 14 anos, sonho era sinónimo de ter um Porsche vermelho que facilmente chegasse aos 300 KM/h e uma miúda de mini-saia no banco do pendura.

Facto: putos com classe tinham jogos da série Need For Speed na Playstation e tornavam o sonho real.

Facto: embora nunca fossem os filmes favoritos de ninguém, os dois primeiros capítulos da saga The Fast and the Furious estavam sempre na televisão de toda a gente nas tardes de domingo.

E tantos anos depois, cá estamos nós: na última encruzilhada.

Owen Shaw (Luke Evans) levou um enxerto de porrada de Dom, Brian e Hobbs (Dwayne “The Rock” Johnson) no último filme. Resultado: o seu “big bad brother”, Deckard Shaw (Jason Statham) vai-se vingar do grupo todo. Junta a isto o típico braço de ferro para dominar o mundo entre as personagens de Djimon Hounsou e Kurt Russel, e tens os ingredientes ideais para um filme de acção estupidamente espectacular.



Está claro que a morte prematura de Paul Walker limitou o que poderia ter sido um dos melhores filmes de pancadaria de todos os tempos...Mas as verdades acima de tudo. Furious 7 não tem muitas qualidades que o elevem ao panteão da 7ª arte. Nem em termos de acção, nem em termos de emoção. 

Acção: demasiados cortes tornam a pancadaria confusa e quase incompreensível. É uma salganhada tão anormal que retira o realismo da maior parte das cenas. Excepto as de Ronda Rousey e Tony Jaa. 

Oh shit, ainda não tinha falado neles?! Meus amigos, a estrela de Ong Bak e a invicta campeã de UFC mostram aos “meninos” como é que se faz. Quando são eles (ou Statham) na ofensiva, os planos duram mais tempo e melhora claramente a qualidade das cenas.



Qual é a simples conclusão que podemos tirar disto? Os restantes atores não conseguem ser credíveis na sua abordagem ao combate, sendo necessário um artífice por parte do realizador para que isto não se note. Guess what: não resultou mano.

Porrada à parte, as perseguições, tiroteios (ver The Rock de Minigun contra um helicóptero não tem preço) e voos de carros (principalmente aquele pedaço de céu escarlate, que chegava aos 300 KM/h) são um regalo para os olhos e nunca deixam de entreter de maneiras cada vez mais estapafúrdias e impossíveis. Houve até uma cena em que Dom me fez lembrar um Thor carecão, o que até “faz sentido”… Mais do que uma vez houve alguém na sala a dizer “Pff! Deve ser isso deve!”.

Que se lixe man! Desde que não te falte sumo e pipocas está tudo bem!



Emoção: mais de metade do filme parecer um videoclip da MTV trás à memória os primeiros capítulos da saga, mas o realizador fá-lo à custa de qualquer classe ou peso real que a narrativa pudesse ter. Os vilões aparecem "quando tem de ser" e as perseguições acontecem "porque tem de ser". Andas numa montanha-russa porquê? Porque te apetece... Assim é o filme.

Os one-liners e timming cómico de The Rock e de Tyrese Gibson deram-lhe pontos de humor. As bundas das miúdas e a testosterona dos rapazes asseguram o sex-appeal constante para ambos os géneros.

No que é que resulta tudo isto? Furious 7, por tudo o que apresenta, é um filme deslocado no tempo: veio 20 anos atrasado. É divertido que chegue para compensar o tempo nele despendido, tem “queijo” a mais para compensar as suas falhas e acaba de forma a puxar todas as lágrimas do seu público.

Não foi a melhor forma de dizer adeus, mas foi certamente a maneira certa. O facto de me fazer lembrar a despedida de Francisco Adam (o Dino de Morangos com Açúcar) de há tantos anos atrás só reforça a ideia de que este foi um final digno para a personagem e para o homem.

Mas acreditem ou não, não foi no cinema que recebi o maior murro no estômago. Quando me sentei no carro, rodei a chave e ouvi o motor a rosnar aconteceu algo dentro de mim. Todos aqueles anos a ver carros brilhantes, garrafas de nitro e felicidade na velocidade atacaram-me simultaneamente.


E de repente era uma criança outra vez. Estava lado a lado com os meus heróis de domingo à tarde. Estava com os meus amigos de infância, de comandos na mão e olhos na televisão, a fugir à polícia.

O poder da nostalgia é lixado: e se tiveste a sorte de crescer na mesma altura que eu, este filme é uma peça indispensável do puzzle que andaste a montar desde miúdo.

Mas agora, dentro do meu “Porsche” e com a miúda mais gira do mundo no banco do pendura, sorrio, como se tudo encaixasse. Finalmente.


Simon Says that this movie is…






terça-feira, 14 de abril de 2015

Game of Thrones 5ª Temporada - Critica - Episódio 1 «The Wars to Come»


Para além de um buraco, embaixo terás spoilers. Já tinha saudades de escrever esta frase…

Nenhuma série puxa por mim como Game of Thrones: acompanhei a 1ª temporada de Better Call Saul e apreciei bastante. Vi Utopia, estou a mais de metade do anime Cowboy Beebop e anda alguém a chatear-me para acabar Hannibal… Mas só o mundo de Westeros é contagioso o suficiente para me fazer escrever semanalmente. Agora, para ver 4 episódios piratas?! Maninhos, ainda não virei para o Lado Negro da Força. Ainda... 

But let’s get started!



No passado, Cersei obrigou uma bruxa a prever-lhe o futuro. O ar de presunção da jovem atriz que desempenhou o papel da matriarca Lannister foi imediatamente reconhecível: kudos to her. As previsões feitas explicam as suas inúmeras desconfianças e atitudes de pêga. O celibato do seu antigo amante deixa-me confuso: que peso terá esta decisão para o futuro da família mais rica dos 7 Reinos? Conclusão: afinal o Tyrion não é o único bêbado loirinho...

Por falar no mano anão, Varys levou-o até à casa do homem que abrigava Dany e o seu irmão Viserys na 1ª temporada. O que é que isto revela? Que ele tinha premeditado todos os passos que o levariam até à rainha Targaryen. Agora, onde é que Tyrion se encaixa nisto? Ele pode bem ser o conselheiro político que tanta falta tem feito à Mãe dos Dragões: que, por sua vez, continua bipolar.



Sem experiência de vida suficiente para se poder assenhorar realmente, em Meereen ou em qualquer outra parte, está a receber conselhos de “boca cheia” de um assassino sem convicções ou preocupações reais. E isso reflecte-se nos seus súbditos e nos seus dragões. Tyrion, vê lá se te despachas ou ainda acabamos a temporada com uma “girl on fire”… Literalmente.

Littlefinger, doutorado em “Ficar rei desta m*rda toda”, continua a educar Sansa sobre como sobreviver à nobreza. Isto pode levar à especulação sobre ela lhe passar a perna, mas, citando um grande senhor do desporto “Ele pode-lhe ensinar tudo o que ELA sabe, mas de certeza que não lhe ensina tudo o que ELE sabe.” Duvido que o que aconteceu a temporada passada com o Cão de Caça e a Arya se vá repetir…



Por falar em Arya: tenho saudades dela… Vê se dás notícias miúda!

E o panasca Snow agora é mediador entre o Sul e o Norte. Que fofinho, não é? Estou desconfiado que a sua atitude de misericórdia perante o escaldão de Mance Rayder vai despoletar muito respeito entre os manos Selvagens e alguma discórdia com Stannis. E a minha previsão de que a gaja Vermelha lhe queria saltar para cima está confirmada: e como o gajo é maluquinho por gingers, vamos ver quantos episódios “dura”.



No primeiro episódio da última temporada senti que algo magnifico se aproximava. Neste não: senti que precisávamos de estabelecer objectivos para cada um dos nossos amigos e aproximar os diferentes “mundos”.

Missão cumprida pessoal. Não sei quanto a vocês, mas eu estou mais que pronto para as 9 semanas de aventura que estão para vir.

Valar Dohaeris.