O final. O derradeiro adeus. As lágrimas que te escorrem
pela cara…
Todos os exércitos da Terra Média estão a juntar-se para
combater as forças do Mal uma última vez. Frodo e Sam aproximam-se cada vez
mais de Mordor: e nada os pode preparar para as provações que ainda estão para
vir.
Ao contrário dos outros dois filmes da trilogia, não há uma
única cena fraca durante as reverberantes 4 horas de The Return of the King. Há
sim um sentimento de finalidade, de conclusão, de apogeu. Cada personagem
atinge o auge do seu desenvolvimento: e nada podia ser mais gratificante.
Ao fim de todo este tempo juntos, TU és parte da Irmandade do
Anel, e são os teus amigos que se tornam melhores por TI. É impossível não te sentires
assim.
Toda esta luta inglória contra os males do mundo, tendo
apenas os teus companheiros como porto seguro, é canalizada através da canção
de Peregrin Took. Pippin foi a única personagem que chegou ao capítulo final da
história com a sua inocência e convicções inalteradas. Mas confrontado com a
demência com que Denethor (excelente John Noble) envia o seu único filho para a
morte, é incapaz de subsistir, lançando-se num lamento que será lembrado
enquanto o mundo tiver memória.
Algo recorrente nesta trilogia é o facto de que tudo o que
acontece (sejam canções, batalhas, conversas, piadas…) revela/desponta
desenvolvimento nas personagens. É palpável o carinho e cuidado com que foram tratadas cada uma das pessoas da NOSSA Terra-Média.
E Gollum… Gollum lembra-se de tudo: do que chorou, do que
comeu, do que matou… E lembra-se de quando o Anel o encontrou. A sua história
faz-nos reconhecer tudo o que a personagem foi. Faz-nos compreender. Faz-nos
desconfiar. E, subliminarmente, faz-nos valorizar ainda mais a amizade entre Frodo
e Sam.
Sean Astin, que já em The Two Towers tinha brilhado, raia o
miraculoso nesta sua interpretação. Comédia, desespero, fúria, resignação,
desejo, empatia… Não lhe valeu qualquer nomeação aos principais prémios da
indústria, mas (cá para nós) também não precisava.
Também Viggo Mortensen mete a 6ª e sai disparado em direcção
à eternidade. Num desempenho que podia ter sido monótono ou alicerçado na
interacção com personagens secundárias mais interessantes (como em tantos
filmes de fantasia acontece), Mortensen torna Aragorn no gajo mais
realista, complexo e multifacetado da saga.
Bernard Hill, o magnífico rei Théoden, que através de um dos
mais portentosos discursos da História da 7ª arte eleva a cavalgada
dos Rohirrim ao Olimpo das cenas épicas. São arrepios na espinha e nos braços.
É o sangue a correr-te mais depressa nas veias. És tu pronto a subir para cima
de um cavalo e sangrar pela salvação da tua raça, da tua nação, da tua família!
E Miranda Otto…
2015 tem sido um ano em que se fala muito do crescente papel
das mulheres no cinema.
The Lord of the Rings, por muitas qualidades que tenha,
passou desapercebido enquanto um bom exemplo do que é “women empowerment”. Não,
o protagonista não é uma mulher (se bem que às vezes aquele Elijah Wood…). Não,
não é uma mulher que derrota o poderoso senhor do Mal. Mas quem é que carrega
Frodo e derrota os Nazgûl quando nem Aragorn nem os Hobbits podem fazer nada?
Arwen. Quem é que derrota o cabrão do Witch King of Angmar? Éowyn.
“Get away
from her you bitch!” ? Nah, meus caros amigos. É em The Return of the
King que está a frase de afirmação feminina mais forte e icónica da História do
cinema.
E sim, “melhor da História do cinema” é um adjectivo que pode
(e deve!) ser utilizado em relação a vários aspectos deste filme.
Por exemplo! Ouves 2 ou 3 acordes da banda sonora e sabes: “Estou
no Shire!” ou “Estou em Rohan!” Podes mostrar 2 ou 3 imagens do filme a quem
quer que seja, à tua avó ou ao teu primo Josué, e eles automaticamente reconhecem
como sendo parte de The Lord of the Rings. Para mim, a que melhor encapsula
TODA a saga é esta.
Num só frame tens a magia, o desespero, o desejo, a conquista,
o medo e a felicidade. O plano completo faz-te voar pelos ares, mantendo Gollum
focado na sua loucura imortal. Andy Serkis é simplesmente do outro mundo e não
há palavras que cheguem para descrever a monumentalidade da sua performance.
E aqui, mais uma vez, rejeito o argumento de Roger Ebert de
que os Hobbits são esquecidos em detrimento dos grandes senhores. A grande
batalha é entre Frodo, Sam e Gollum. A batalha de Minas Tirith acaba quando
Aragorn aceita o seu destino e convoca o exército mais OP (OverPowered) da
Terra Média.
Se os fantasmas são parvos? Não. O que aconteceu aos
fantasmas faz parte da História criada por J. R. R. Tolkien. Tivesse acontecido
de maneira diferente, o mundo e a narrativa que nos é apresentada não seriam os
mesmos. Acções provocam reacções: se elas são plausíveis, porquê mandar vir?
MAS VOU MANDAR VIR SIM! Porque é que haviam de tirar a Boca
de Sauron da versão original!? Para além de ser uma personagem nojentamente
cativante, aumenta a carga emocional dos últimos minutos de acção de maneira
vulcânica (pun intended) !
É preciso dizer que a banda-sonora é maravilhosa? Que as
cenas de guerra exultam um sentimento épico por cada frame? Que Ian McKellen é fenomenal? Que
me sinto parte da Irmandade? Que vibro de antecipação de cada vez que vejo este filme? Que
me vêm lágrimas aos olhos em TODAS as cenas finais?
Está dito.
E que fique dito também que eu sou escuteiro desde os meus 9
anos e a minha jornada está a chegar ao fim. Nada apagará os momentos que vivi
com A MINHA irmandade. Ver a caminhada que fiz reflectida num filme que amo desde
essa exacta idade é catártico, é bonito e é um argumento mais forte e verdadeiro do que
qualquer outro que vos pudesse dar.
Simon says
that The Lord of the Rings: The Return of The King is…
O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei: 4*
ResponderEliminar"O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei" é o filme mais longo da trilogia, mas é o menos parado e menos aborrecido dos três e isso agradou-me.
"The Lord of the Rings: The Return of the King" é o derradeiro filme desta trilogia que recomendo que vejam, eu gostei e sei que marcou a história do cinema.
Cumprimentos, Frederico Daniel.
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