Para além de um Buraco, embaixo terás SPOILERS para a maior parte das temporadas de Game of Thrones.
“Ai minha Nossa Senhora! O Jon Snow morreu?! E agora? Como é
que vou conseguir sobreviver!? Esta série já não tem interesse!”
Really?
“Este Ramsay é mesmo um cabrão! Ai que horror! Não consigo
olhar! Ele tem que morrer! O Jon Snow vai matá-lo!”
Really?!
Senhoras e senhores, o meu nome é Diogo Simão e estou aqui
para corrigir esta afronta utilizando lógica e bom senso.
De um lado temos o menino bonito, com barba e cabelo
comprido, que derreteu o coração gelado da selvagem com que todas as meninas se
identificam. O actor que lhe dá vida (Kit Harington) é idolatrado por (quase)
todos os espectadores da série e possui os talentos interpretativos de um
cavalo com gases.
Certo: ele melhorou substancialmente a sua performance nesta
última temporada, mas eu continuo a acreditar que isto só aconteceu porque ele
sabia que era a última.
E independentemente do actor, a personagem do Snow é das
mais clichés e menos interessantes de TODA a série. O bacano é o “filho”
rejeitado de uma corte de nobres e vai combater monstros com a escumalha do
reino para ganhar o respeito dos que não lha dão. E é isto… O gajo manteve-se
igual a si próprio ao longo destas temporadas todas e não evidenciou o mínimo sinal
de mudar: mesmo na hora da morte.
É por esta evidente falta de criatividade (quer na
backstory, quer no desenvolvimento, quer no próprio actor) que me surpreende que
o vacaco seja das personagens mais queridas da assistência. Aliás: a maior
parte das queixas que li quando ele morreu foram algo do género “Ah bolas!
Agora como é que sabemos quem é a mãe dele?”
Dude: se a cena mais intrigante sobre uma personagem é saber
quem são os seus progenitores, acho que está tudo dito em relação ao quão “bem”
(repara que meti a anterior palavra em
negrito, itálico e sublinhado para não haver quaisquer dúvidas sobre a ironia
nela contida) ela foi desenvolvida e quão relevante ela é para a série.
E do outro lado do espectro temos Ramsay Bolton.
Interpretado por Iwan Rheon, este pedaço de m*rda (como a maior parte do público
lhe chama) flagela, tortura, viola, queima, esfola, castra, avacalha… E tudo
com um sorriso demente na cara.
Game of Thrones, apesar das suas magias, profecias,
zombisses e dragozisses, é uma série centrada nas relações interpessoais de
personagens credíveis e verdadeiras. Todas têm um passado que corrobora quem
são hoje, todas têm um objectivo definido e todas têm um curso de acção mais ou
menos interessante.
Talvez seja eu, mais uma vez, a gravitacionar para os
canalhas sádicos, mas não há UMA ÚNICA personagem mais interessante que o
Ramsay. Há tantas questões por responder sobre este gajo que dava para encher
(pelo menos) um livro!
Qual é a sua história? O que é que lhe fizeram para ele ser
assim? Até onde vai a sua falta de humanidade? Terá mais algum sentimento para
além da raiva, inveja, desejo, sarcasmo e repugnância? O que estará disposto a
fazer para agradar o pai?
As múltiplas facetas que já exibiu são apenas a casca do que
ainda pode estar por saborear nesta fruta e ainda assim são poucas as manifestações de satisfação cada vez que o bastardo toma conta da acção.
Está na hora de mudar isso pessoal! As personagens não valem
mais ou menos porque alguém as escreveu para serem boas ou más: valem sim pela
sua originalidade, profundidade e nível de interesse para o desenvolvimento da acção.
Esperava mais do público de uma série tão inteligente como
esta, mas a verdade é que Game of Thrones já faz parte da cultura pop, sendo
por isso natural a banalização dos aspectos mais subtis de cada uma das
personagens.
Fica aqui este incentivo ao debate. NOW FIGHT BITCHES!
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