Nesta altura atarefada do
semestre, necessitei de companhia para adormecer.
Ainda tentei «Once Upon a Time» mas os efeitos
especiais e a representação foram altamente risíveis (e não num bom sentido)...
Decidi dar a oportunidade que o tal serial
killer arruivado à tanto tempo esperava da minha parte.
Dios mio… Já lá ia algum tempo desde que não dizia a frase «porque é que eu não vi
isto mais cedo?», mas nessa noite disse-a várias vezes, ao longo dos 3
episódios que não resisti em devorar sofregamente.
O número de séries que vi
até ao seu término (perpétuo ou ainda à espera da próxima temporada) podem ser
contadas pelos dedos de uma mão: «Spartacus»,
«Death Note», «Breaking Bad», «Walking Dead», «Game of Thrones» e «Sherlock».
Bem, sendo assim metam
mais um dedo! Isto não soou nada bem…
Como devem saber, isto de
ver séries tem muito que se lhe diga: não é fácil cedermos largas horas da
nossa vida a uma premissa que muitas vezes sentimos já estar manjada. Basta
pegar no comando e pôr na FOX: quantas variações de CSI estão na grelha de
programação? Eu desde cedo decidi apenas dedicar o meu tempo a determinada
série, caso o seu conteúdo seja peculiarmente único.
Dexter sempre me foi
apresentado de forma demasiado pretensiosa e com muitos spoilers à mistura. E
toda a gente sabe o quão indigestos podem ser os efeitos de spoilers…
No entanto, a cara de um
simpático bacano lambuzado em sangue, permaneceu num canto obscuro da minha
mente, à espera de me agarrar e contaminar com o seu veneno.
Pois bem, estou doente,
meus amigos. E sabem que mais? Até gosto.
O recheio não é a
história de uma inteligente resolução de crimes, nem de relacionamentos
humanos, nem de gore gratuito: é isso
tudo junto, com uma cereja no topo!
Uma cereja que raramente
se encontra num produto tão mainstream!
Falo da imersão completa
dentro dos pensamentos únicos do protagonista. Enquanto noutra situação
estaríamos dependentes da nossa capacidade de interpretação das expressões
faciais do actor, neste caso, é o próprio que se torna nosso amigo,
tratando-nos quase como um diário.
No entanto, não faço
ideia se isto resultaria, não fosse pela «característica» mais importante de
Dexter Morgan: a sua inabilidade para sentir.
Os diálogos interiores a
que assistimos são geniais, infectando-nos a mente com existencialismos e
dúvidas que podem ser aplicados a qualquer ser humano. É, pelo menos durante estes
primeiros 12 episódios, um quebra-cabeças filosófico, embrulhadinho num papel
escarlate com um lacinho a condizer.
O trabalho de realização
é mais «directo ao assunto» quando comparado, por exemplo, com «Breaking Bad», onde os planos se
alongavam mais no campo-contra campo e nalguns momentos mais meditativos das
várias personagens. O ritmo latino da banda sonora massaja-nos a mente,
preparando-nos para a «diversão» que normalmente a procede. O tom é irónico,
colorido e apaziguador.
Soa estranho, não é?
Então e quando paramos 2 segundos para pensar «Hey, porque raio é que eu estou
a sorrir? Ele acabou de matar uma pessoa!»? Não é estranho?
Eu gosto do «estranho».
Faço questão de devorar
esta série durante as próximas semanas. A ver vamos se o brilhantismo se mantém
ou é submerso em incontáveis litros de sangue.
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