segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica – Elysium – 2013 – Neil Blomkamp

Se existe um realizador no nosso planeta, que consegue fazer-me acreditar em cada frame de efeitos especiais que salta à vista no ecrã, esse realizador é certamente Neil Blomkamp. «Elysium» herda de «District 9» (o grande filme de estreia do sul-africano) o aspecto realista e, sobretudo, pós apocalíptico da Terra. Em cada um deles, a ficção científica é humanizada e aplicada a problemas actuais: facto que tem obrigatoriamente de ser louvado. Não se encontram muitos blockbusters desta dimensão, com algumas caras conhecidas de Hollywood, a despachar tão abertamente uma mensagem politico-humanista.

Mas a maneira como o faz é a maior parvoíce de todo o filme: ainda maior que a actuação de Alice Braga.

Mas já lá chegamos.

Max (Matt Damon carequinha e com mania que é o Dr. Octopus) vive no ano de 2154, onde a Terra está devastada devido à sobrepopulação. Os mais ricos vivem numa estação espacial a que chamam «Elysium», onde todos têm piscina e máquinas altamente, capazes de curar qualquer dor de intestino e apagar qualquer ruga. Ou seja, tornam-te imortal. Max tem como objectivo de vida juntar dinheiro suficiente para lá poder viver: só que o «destino» tem outros planos.


Esta é a primeira vez que o vou admitir, e provavelmente irei escrevê-lo mais vezes por isso habitua-te: eu não gosto nada do Matt Damon. Quando eu digo nada, quero dizer MESMO NADA! À parte de «Good Will Hunting», eu absolutamente abomino a maior parte do trabalho deste actor. Vejo-o sempre com o mesmo tipo de representação, nunca me fazendo abstrair do facto de «eu estou a ver o Matt Damon». E este filme não é diferente. Não é que ele não saiba mostrar emoção: ele sabe, mas apenas as suas, não da personagem.

A salvação surge sobre a forma de um grande elenco secundário. Falo especialmente de Sharlto Copley e Wagner Moura (o capitão Nascimento de «Tropa de Elite»), ambos completamente lunáticos de formas diferentes. Copley é um psicopata carente, com propensão para one-liners com muito queijo, enquanto Moura é mais um Che Guevara futurista, conseguindo (por favor, não ponha a próxima palavra fora de contexto) penetrar facilmente no sistema informático mais poderoso do mundo com um simples portátil. Jodie Foster, que pretende impor uma ditadura militar em Elysium, pareceu-me relaxada e a divertir-se cada vez que tinha de dizer mais de duas frases.

E tu Alice Braga: tu que supostamente até és boa actriz. Tu que andas para aí em terras americanas a fazer filmes parvos (estou a falar convosco «I am Legend» e «Predators»)! Submeteste-te à máquina de Hollywood, tornando-te no cliché da bonequinha que chora e sofre o filme de todo. Mas que totó te tornaste!

Blomkamp é, como já disse, o realizador no activo que melhor consegue imprimir realismo aos efeitos especiais. Nem por um segundo duvidei da existência de todas as naves espaciais e dos robôs cheios de rabiscos e grafitis. Só que, no que toca ao departamento das cenas de acção, creio que ficou muito a leste do que seria esperado num filme desta natureza. Os slow-motions são divertidos, mas quando se quer imprimir realidade, simplesmente não se pode imitar o «Matrix». E mesmo o «corta e cola» das lutas torna-se num problema apressado, confuso e demasiado abrangente (excepção feita aos momentos em que a câmara fica por cima do ombro do actor, num estilo documental, a lembrar «Dr. Strangelove» de Stanley Kubrick).

Aliás, a raiz de todos os problemas deste filme (excepto a Alice Braga) é a pressa.

Desde o início que é palpável a urgência em estabelecer tudo: a rebeldia de Max, a sua relação com a amiga de infância, o cliché «Tu nasceste para fazer algo especial!»… E a partir daí, o dominó desmoronou-se, levando a que um filme, com uma premissa tão interessante, que tinha todos os ingredientes para desenvolver as suas personagens e conflitos de maneira estimulante, se torna-se num «esquecível» blockbuster com uma mensagem socialista.

Uma mensagem que se estampa na tua cara durante o clímax do filme. Péssima escolha de palavras, eu sei…



O público carece de comentário social nos seus queridos blockbusters de Verão; e embora a alegoria final a Jesus Cristo possa derreter alguns corações, ironicamente, esta quase que torna o filme em propaganda politica. A mensagem é positiva e deve ser debatida com respeito e sem pressas para chegar ao próximo tiroteio.

«Elysium» tinha um grande potencial, e consegue atingi-lo algumas (poucas) vezes, mantendo o nível de interesse e de entretenimento durante a sua hora e meia de duração.

E por isso Simon Says that this movie is…





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