Eu sempre gostei do Hugh Jackman. Não me lembro de um único filme onde o tenha achado mau, ou simplesmente «não fixe». Em «The Wolverine» (com uma ajuda visível de Dwayne «The Rock» Johnson no ginásio) ele está, por fim, 100% credível no papel do super-herói imortal.
Pena não poder dizer o mesmo sobre o resto do filme.
Logan (o nome que o Wolverine tem no B.I) salva um soldado japonês durante a explosão da bomba atómica em Nagasaki. Décadas mais tarde, no seu leito de morte, o soldado (agora multi-bilionário) quer-se despedir do seu salvador e fazer-lhe «uma proposta que ele não pode recusar».
James Mangold (3:10 to Yuma, Walk the Line) é um realizador competente, mas sinto que o seu trabalho aqui fica um pouco aquém da sua qualidade habitual: talvez por não lidar muitas vezes com grandes produções. Não obstante, as cenas de acção estão ao nível do nome Marvel e são um dos pontos mais fortes do filme.
Tendo o Japão e a sua cultura como foco principal da história, tenho de admitir: gostaria de ver um bocadinho mais da essência (e não acredito que vou mesmo escrever isto…) de «Only God Forgives» de Nicolas Winding Refn.
Sim, é verdade! Senti falta da presença e aura mística dos néones coloridos de Tóquio, das coreografias meticulosas de artes marciais e também da música tecno a acompanhá-las. No entanto, a ambiência conseguida é boa, nunca ultrapassando as barreiras do irreal.
Admito que quando soube de «um filme do Wolverine passado no Japão» imaginei imediatamente cenas épicas onde o membro dos X-Men defronta ordas de samurais minuciosamente treinados com katanas e shurikens.
As minhas espectativas foram assim goradas, dado que pouco ou nada de epicamente oriental aqui se encontra: é apenas um filme de acção ao estilo «Jason Bourne».
As lutas são normalmente um-contra-um, onde o protagonista raramente é ultrapassado, retirando qualquer suspense que o filme possa acumular através da acção.
E aqui entramos noutro tema: o suspense. O guião não foi escrito «desmioladamente» e pensado apenas na vertente de acção como «X-Men Origins: Wolverine». Este tem um seguimento rítmico palpável.
Existem certas rotinas que, à partida, percebes que vão ter um desfecho: para o bem ou para o mal. Vemos os demónios do passado de Logan a atacarem-no, a deixarem-no vulnerável aos seus inimigos. Na tentativa de humanização do protagonista e na criação de um final «climático», creio que o objectivo foi cumprido.
No entanto, nunca consegue surpreender.
Os principais vilões são rebuscados e sem carisma. Outras personagens secundárias nunca dão a perceber as suas motivações, e quando morrem poderás pensar algo do género:
-Que triste! Olhe, desculpe lá eu não lhe ter dado muita importância, mas tenho alguma pena que faleça!
Só que o filme não te dá motivos para te preocupares! E muitas vezes dá-nos fracas desculpas para não avançar a história, matando assim o suspense.
As decisões são adiadas, envolvem-se em círculos que supostamente te imergem na história, mas acabam por ser aborrecidos.
Actualmente é praticamente impossível pensar em filmes de super-heróis sem ter como referência «The Dark Knight» , «X-Men: First Class», «Kick-Ass» e outros que tais. O que têm estes filmes em comum? Alma, humor e acção.
«The Wolverine», embora tenha todos estes elementos, não encontra o equilibro certo para se tornar num filme inesquecível e um blockbuster de Verão essencial. Com um elenco satisfatório, mas que (mais uma vez) nunca surpreende, acaba por deixar todo o «trabalho» para o ator australiano, que desempenha vivamente o «homem das unhas por cortar».
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