Antes deste, tinha assistido a «Prisoners», um thriller desafiante de grande qualidade. Só que o destino tinha um «Jack in the Box» à minha espera: e dele, apanhei um Knock-out glorioso.
«The Place Beyond the Pines» não pode ser classificado normalmente. Insere-se em vários géneros (acção, comédia, policial, «teen-drama», romance,…) e não se deixa prender especialmente por nenhum deles. A camara de Derek Cianfrance (Blue Valentine) delicia-se de tal forma com os corpos dos seus actores e com a beleza natural da Nova Iorque suburbana, que quase a sentimos a lamber os lábios de sofreguidão.
É um sentimento raro no cinema americano actual, mas que aqui existe em abundância.
Um motoqueiro de «bolas da morte» (Ryan Gosling, electrizante, tal como o tinha sido em «Drive») recebe a notícia que um antigo «engate» seu (Eva Mendes) teve um filho de ambos. Gosling decide deixar a sua vida de incertezas e dedicar-se a sustentar o filho: mas vem a descobrir que por muito que se esforce, não se consegue afastar de quem realmente é.
E isto é apenas o início daquilo em que o filme te vai pôr a matutar, por isso aguenta firme que a tempestade vem a caminho.
Epá, mas não deixes que isto te faça pensar que vai ser uma seca: nada do género! Admito que algumas cenas de cariz familiar foram alongadas um pouco, mas isso não altera o ritmo fantástico que te é oferecido.
Desde corridas de motas a alta velocidade, tiroteios, festas de secundária cheias de álcool e drogas, suspense e intrigas policiais em larga escala… Aqui encontras tudo, e melhor ainda: está contextualizado, com desenvolvimento de personagens e sempre desenrolando o novelo da história.
Existe um magnífico sentido de naturalidade na maneira como tudo foi filmado: são acontecimentos extraordinários, capturados, por acaso, numa camara.
Ray Liotta, Rose Byrne, Dane DeHaan e Emory Cohen entram e saem de plano, sem pretensiosismos de vedeta: são apenas intervenientes alheios à sua participação nesta odisseia moderna.
Odisseia essa que não ficaria completa sem Bradley Cooper. Eu não sou grande fã, mesmo depois de o ver em «Hangover» e «Silver Linings Playbook». Mas tenho que admitir, que para a personagem que interpreta, foi uma escolha de casting acertada: um inteligente polícia com um forte sentido de justiça, presente apenas naqueles calmos momentos em que ninguém o observa ou condena. O homem tem carinha para este tipo de papéis: mas não vejo potencial para muito mais.
Mas hey! Se até o Matthew (totó) Mcconaughey se tornou bom actor, quem sou eu para duvidar de alguma coisa?
As escolhas que cada personagem faz têm consequências? Sim.
«Não podemos escapar de quem nós realmente somos»? Sim.
Se isto é verdade, então as consequências do que fazemos é em resultado da nossa própria natureza única.
Por outras palavras, meus amigos, este filme é uma apaixonante fábula sobre a consciência humana de algo mais profundo que qualquer sentimento ou laço afectivo: esta é a história de alguém que descobriu o que é o destino.
Existem alguns problemas menores, como algumas (poucas) cenas menos interessantes e o facto de Cooper ainda não me ter convencido plenamente. Mas são ninharias comparadas com a magnificência do épico que tens em mãos
Estou rendido.
«The Place Beyond the Pines» fez-me render a alma. É uma experiência cativante e única: e só me abstenho de atribuir a maior pontuação possível porque acabei de o ver.
Simon Says that this movie is...
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