DeNiro é um gangster (tão inesperado…), que se chibou dos próprios companheiros. Ele e a sua família são postos num programa de protecção de testemunhas do FBI e colocados sob disfarce em França. Uns quantos mercenários estão à sua procura, prontos a reclamar o prémio de 20 milhões de dólares assim que o assassinarem.
O realizador francês Luc Besson («Léon» e «The Fith Element») está obviamente a «gozar» e a prestar homenagem ao género de filmes tornado popular por Martin Scorcese e Francis Ford Coppola. A quantidade de estereótipos que aqui existem (os churrascos, a mulher loira boazona, a «melhor massa do mundo», a pinta na cara de John D’Leo que nem sequer é real) enfatiza-se ainda mais pelo casting de DeNiro como um mafioso, de Michel Pfeifer como a mulher entediada e perigosa e de Tommy Lee Jones enquanto o agente do FBI responsável pela segurança da família.
Quer dizer, só faltava o Daniel Craig como um agente secreto e o Daniel Radcliffe como um feiticeiro! Se o comentário ao género fosse o único objecto em foco, estaria (provavelmente) aqui a falar de um filme bastante divertido.
Mas o facto é que não estou.
«Porque é que eu não disse que escrevo romances?» A minha pergunta é: porque é que não fazes bons filmes?
No final, irrompe a componente de acção, onde me lembro o porquê de Besson ter sido considerado um dos novos prodígios do cinema francês. O suspense é criado através de planos demorados, e não da habitual «câmara tremida» a que tantos realizadores menos capazes recorrem. E seria pela direcção que ele se devia ter ficado, uma vez que o guião… Vamos pôr desta forma: a quantidade de histórias secundárias, existem apenas de forma a colocar todos os intervenientes num determinado lugar físico no final do filme. *SPOILERS* Se fossem plausíveis, eu talvez não me importasse: mas tentarem fazer-me acreditar que o filho só era confrontado por roubo, extorsão e ameaças a professores no final do período, ou que a filha perdia a virgindade com o único francês giro na escola, apenas para se tentar suicidar quando é deixada? Depois de ter visto cada um deles manipular e agredir colegas em variadas situações? *FIM DE SPOILERS*
Alguma coisa não bate certo: e não é apenas um exagero nos clichés deste tipo de filmes. É simplesmente má escrita! No final de contas, de que serviu o tempo passado pela personagem de DeNiro a tentar arranjar a canalização? Onde é que isso se viu reflectido no final da história?
Em «The Family» as situações são construídas de forma a proporcionar momentos por si próprias. Não existe «acção – reacção» nem desenvolvimento de personagens. DeNiro não se esforça absolutamente nada e Tommy Lee Jones é extremamente aborrecido de ouvir e ver. Pfeiffer e D’Leo são os únicos que deixam transparecer o seu talento, divertindo-se e divertindo-nos. Num «voz-off» final, ouvimos que «a família está mais unida que nunca». Não posso deixar de pensar que isto só é dito para «ficar bem».
Os episódicos momentos de comédia negra e de acção dão alguma alma ao filme, sendo o ponto mais alto o visionamento de um clássico na cinemateca da cidade. A fotografia de Thierry Arbogast (colaborador habitual de Besson) é cheia de cores matizadas em laranja e negro, trazendo pequenos lampejos de filmes repletos de macarrão, esparguete e Tommy Guns. Querem um melhor filme deste género? «Goodfellas». Preciso de dizer mais alguma coisa?
Malavita… Afinal este título até faz mais sentido que o original: porque no final, é a única personagem que mudou. Todos os outros permanecem na mesma.
O filme não é horrível: apenas preguiçoso. Tenta um comentário que não leva até ao fim, tornando-se inconsistente e aborrecido ao longo das suas (quase) duas horas de acção.
E por isso Simon Says that this movie is...
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