segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica – The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe – 2005 – Andrew Adamson

Tantos filmezinhos com alegorias bonitas no Natal: «Smurfs», «Fast 5»… Se procurarem bem lá no fundo de certeza que as encontram… Ou então não!

Se é de uma mensagem, se é de união e uma sensação de calor no coração que procuras, talvez a melhor solução (presente na televisão pública portuguesa) seja «The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe». Foi-me explicado, já lá vai meia década, o conteúdo cristão presente nesta obra de C.S. Lewis: ora se isto acrescenta/retira algum poder ao filme, cabe a cada individuo decidir. 

Também cabia à SIC o horário em que iam mostrar este filme: e às 23:00, depois de uma noite inteira à espera do Pai Natal não é lá muito inteligente!

Durante a 2ª Guerra Mundial, 4 irmãos atravessam um guarda-fatos e vão parar ao reino encantado de Nárnia, onde um infinito Inverno (sem Natal) é mantido através dos feitiços da malvada White W(b)itch. Cabe aos irmãos cumprir uma antiga profecia e trazer a paz a Nárnia.


O filme tem vários méritos: a banda sonora espectacular (principalmente as partes cantadas e a melodia de Mr. Tumnus, que irão ser, por si só, motivo de lembrança do filme), a vividez das personagens (inclusivamente as fantásticas), uma grande escolha de actriz para o papel de vilã (Tilda Swinton, absolutamente visceral) assim como uma assertividade detalhada em relação a certos pormenores importantes dos livros.

Sim, já os li há alguns anos, por isso não sou totalmente capaz de apontar tudo o que está correcto e tudo o que está a mais. Consigo-vos no entanto dizer que o tom de todas as cenas (as sérias, as cómicas, as repugnantes e as inspiradoras) está muito bem encaixado. Só isto faz parecer que a conversão livro-filme foi totalmente perfeita… Mas não é bem assim.

Os actores escolhidos para o papel de Susan (Anna Popplewell) e Peter (William Moseley) são horríveis. Popplewell parece literalmente uma versão britânica de Kristen Stewart, havendo pouco ou nenhum sentimento para encontrar atrás da sua tez pálida de zombie. Por falar nisso, acho que os putos de «Walking Dead» devem estar a precisar de uns amigos novos para «brincar». Anna, se estiveres a ler isto (e Kristen, já agora), considerem o papel de zombies para o resto das vossas vidas. Ainda são capazes de virem a ganhar algum prémio que não seja da MTV!

Voltando ao filme, a imersão neste mundo de fantasia não é totalmente eficaz. O realizador Andrew Adamson já tinha sido responsável pelos dois primeiros capítulos da saga «Shrek», estando por isso perfeitamente capacitado para interagir com as personagens e cenários computadorizadas. Mas o que se perdeu no meio desta mixórdia toda, foi o «sentimento de grandiosidade» inerente a Nárnia. O filme foi lançado em 2005, numa era pós «Lord of the Rings»: uma trilogia que revolucionou a maneira como universos fantásticos são vivenciados. «Chronicles», apesar de ter sido igualmente gravado na Nova Zelândia (em parte, até pela mesma equipa que gravou a saga do Anel), é incapaz de suscitar esse tipo de imersão no espectador.

Mas sendo esta história passada no «mundo real», talvez o realizador não tivesse o objectivo de nos «fazer esquecer» que estávamos numa terra de fáunos, ciclopes, minotauros, feiticeiras e leões falantes. Por falar em leões, Liam Neeson, Deus em mais do que um filme, está irrepreensível no papel de Aslan, o salvador. A sua voz serena e cheia de sabedoria e força interior corresponde a tudo aquilo a que fomos incitados a acreditar.



Consta que C. S. Lewis escreveu as crónicas para o seus filhos, de maneira a ensinar-lhes uma lição de moral. Sendo um católico, o escritor converteu algumas das histórias da bíblia para alegorias fantásticas nesta sua obra-prima. Amor, amizade, coragem e confiança são clichés que a máquina hollywoodesca nos tenta impingir como «cartões-de-visita» a toda a hora. Mas ao abraçar uma obra tão ímpar como esta, estão a deixar passar mais do que esperavam: estão a deixar passar a magia eterna da juventude.

A magia de poder sonhar e acreditar que existe um mal materializado no nosso mundo, que pode e será vencido se apenas tivermos as «bolas» para o olhar de frente e gritar: Eu não tenho medo!


E como era bom que assim fosse. Por uma experiência marcante, efeitos especiais competentes, um mundo colorido e James McAvoy vestido de fauno Simon Says that this movie is…




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