Tantos filmezinhos com
alegorias bonitas no Natal: «Smurfs», «Fast 5»… Se procurarem bem lá no fundo
de certeza que as encontram… Ou então não!
Se é de uma mensagem, se
é de união e uma sensação de calor no coração que procuras, talvez a melhor
solução (presente na televisão pública portuguesa) seja «The Chronicles of
Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe». Foi-me explicado, já lá vai meia
década, o conteúdo cristão presente nesta obra de C.S. Lewis: ora se isto
acrescenta/retira algum poder ao filme, cabe a cada individuo decidir.
Também
cabia à SIC o horário em que iam mostrar este filme: e às 23:00, depois de uma
noite inteira à espera do Pai Natal não é lá muito inteligente!
Durante a 2ª Guerra
Mundial, 4 irmãos atravessam um guarda-fatos e vão parar ao reino encantado de
Nárnia, onde um infinito Inverno (sem Natal) é mantido através dos feitiços da
malvada White W(b)itch. Cabe aos irmãos cumprir uma antiga profecia e trazer a
paz a Nárnia.
O filme tem vários
méritos: a banda sonora espectacular (principalmente as partes cantadas e a
melodia de Mr. Tumnus, que irão ser, por si só, motivo de lembrança do filme),
a vividez das personagens (inclusivamente as fantásticas), uma grande escolha
de actriz para o papel de vilã (Tilda Swinton, absolutamente visceral) assim
como uma assertividade detalhada em relação a certos pormenores importantes dos
livros.
Sim, já os li há alguns
anos, por isso não sou totalmente capaz de apontar tudo o que está correcto e
tudo o que está a mais. Consigo-vos no entanto dizer que o tom de todas as
cenas (as sérias, as cómicas, as repugnantes e as inspiradoras) está muito bem
encaixado. Só isto faz parecer que a conversão livro-filme foi totalmente
perfeita… Mas não é bem assim.
Os actores escolhidos
para o papel de Susan (Anna Popplewell) e Peter (William Moseley) são
horríveis. Popplewell parece literalmente uma versão britânica de Kristen Stewart,
havendo pouco ou nenhum sentimento para encontrar atrás da sua tez pálida de
zombie. Por falar nisso, acho que os putos de «Walking Dead» devem estar a
precisar de uns amigos novos para «brincar». Anna, se estiveres a ler isto (e
Kristen, já agora), considerem o papel de zombies para o resto das vossas
vidas. Ainda são capazes de virem a ganhar algum prémio que não seja da MTV!
Voltando ao filme, a
imersão neste mundo de fantasia não é totalmente eficaz. O realizador Andrew
Adamson já tinha sido responsável pelos dois primeiros capítulos da saga
«Shrek», estando por isso perfeitamente capacitado para interagir com as
personagens e cenários computadorizadas. Mas o que se perdeu no meio desta
mixórdia toda, foi o «sentimento de grandiosidade» inerente a Nárnia. O filme
foi lançado em 2005, numa era pós «Lord of the Rings»: uma trilogia que
revolucionou a maneira como universos fantásticos são vivenciados.
«Chronicles», apesar de ter sido igualmente gravado na Nova Zelândia (em parte,
até pela mesma equipa que gravou a saga do Anel), é incapaz de suscitar esse
tipo de imersão no espectador.
Mas sendo esta história
passada no «mundo real», talvez o realizador não tivesse o objectivo de nos
«fazer esquecer» que estávamos numa terra de fáunos, ciclopes, minotauros,
feiticeiras e leões falantes. Por falar em leões, Liam Neeson, Deus em mais do
que um filme, está irrepreensível no papel de Aslan, o salvador. A sua voz
serena e cheia de sabedoria e força interior corresponde a tudo aquilo a que
fomos incitados a acreditar.
Consta que C. S. Lewis
escreveu as crónicas para o seus filhos, de maneira a ensinar-lhes uma lição de
moral. Sendo um católico, o escritor converteu algumas das histórias da bíblia
para alegorias fantásticas nesta sua obra-prima. Amor, amizade, coragem e
confiança são clichés que a máquina hollywoodesca nos tenta impingir como «cartões-de-visita»
a toda a hora. Mas ao abraçar uma obra tão ímpar como esta, estão a deixar
passar mais do que esperavam: estão a deixar passar a magia eterna da
juventude.
A magia de poder sonhar e
acreditar que existe um mal materializado no nosso mundo, que pode e será
vencido se apenas tivermos as «bolas» para o olhar de frente e gritar: Eu não
tenho medo!
E como era bom que assim
fosse. Por uma experiência marcante, efeitos especiais competentes, um mundo
colorido e James McAvoy vestido de fauno Simon Says that this movie is…
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