segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica Don Jon – 2013 – Joseph Gordon-Levitt

Pechão, 28 de Dezembro de 2013
Querido Joseph Gordon-Levitt,

Espero que esteja tudo bem aí por casa! Não é que se possa chamar a isso uma casa: um hipster que se preze não tem realmente uma habitação normal, não é? Acabei de ver a tua estreia no papel de realizador e escritor, «Don Jon». Fiquei sinceramente surpreendido: realmente tens potencial pá!

O filme vê-se muito bem. Tantas cores, tantos cortes rápidos… Em algumas situações fez-me lembrar o estilo do realizador de «Hot Fuzz», Edgar Wright. A maneira como abordas o tema da pornografia é inteligente: tanto visual como dialogicamente. É verdade que nem todos passamos por estes mesmos problemas, mas é bom ver um filme finalmente abordar estas questões relacionais mais íntimas. Tocas-te num tema tabu: e isso tanto poderá fazer os casais mais felizes, como separá-los. Só espero que tenhas uma caixa de correio suficientemente grande para tantas queixas (des)amorosas!

Por falar em suficientemente grande: não faço ideia como convences-te a Scarlett Johansson a fazer este papel, mas acertaste à grande. Se com este filme estavas a tentar comentar o ciclo interminável da pornografia, acho que acabas-te por pô-lo a rodar ainda com mais força, «se é que me entendes».


As cenas de engate na discoteca, a maneira como crias uma redoma rotineira na vida deste homem a partir de simples planos repetitivos e a genialidade das simples mudanças às quais ele não se sabe adaptar são sem dúvida o ponto alto da película. Se te mantivesses neste registo, o filme seria uma experiência única…

No entanto meu caro, por muito valor que a tua edição e montagem tenha, por muito coloridos e bonitos que sejam os teus sets e por muito sexy que a Scarlett esteja, acabaste apenas por fazer uma comédia romântica comercial. A alma do teu trabalho pode ter sido rebelde: mas ao seguires convenções estabelecidas de personagens e de felicidade obrigatória, tornaste-a tão banal como qualquer um dos filmes do «antigo» Matthew McConaughey.

Exemplo: a tua comédia muitas vezes não «arranca». Suponho que as cenas com o pai e a mãe fossem para rir, certo? Pois… Não funcionou. Foram chatas e irritantes: aliás, são exactamente estes dois adjectivos que melhor descrevem estas personagens. No fim de contas, para que serviu a família? Não tinham nenhum interesse ao nível da personalidade, não fizeram com que o protagonista se desenvolvesse… Ou seja, bem os podias ter cortado do filme que não se sentiria a diferença.



Resumindo meu rapaz: «Don Jon» é um proverbial «monte de palha» com umas quantas agulhas lá no meio. É um começo promissor para a tua carreira de realizador, mas é bom que ganhes tomates para sair do molde de Hollywood, senão acabarás por adquirir o estatuto que tens vindo a evitar a tua carreira inteira.

E vê se arranjas um corte de cabelo decente! Pareces uma arara brasileira!

Beijinhos à prima Josefina e as melhoras,

Ass: Primo Diogo


P.S- Simon Says that this movie is…




1 comentário:

  1. Don Jon: 5*

    "Don Jon" é um filme único, com uma história bastante interessante...

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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